Casa da Cultura de Marabá abriga diversidade cultural e é referência em memória regional

Casa da Cultura de Marabá | Foto: Jorge Clésio

Cerca de 12 mil exemplares tanto de animais vertebrados (possuem ossos) e invertebrados (não possuem ossos), entre borboletas, formigas, mariposas, libélulas; setores de Arqueologia, Etnologia, Educação Patrimonial, Espeleologia, Botânica, Geologia, Orquidário, Escola de Música, entre outros, estão na conta da FCCM (Fundação Casa da Cultura de Marabá). Criada desde 1984, a Casa da Cultura já foi agraciada com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), e é referência nacional e internacional em prestação de serviços, pesquisas e preservação ambiental.

O biólogo da FCCM, Maricélio Guimarães, explica que na coleção de Zoologia da Casa, a maioria dos exemplares são invertebrados, em torno de 10 mil, sendo materiais coletados de estudos feitos na região. Para fins de pesquisa, a Fundação possui um livro de tombamento (com data, de onde veio o material, quem coletou), onde cada material é trabalhado de uma forma, além de identificá-lo a nível de espécie.

Maricélio Guimarães exemplificou que no acervo há um crânio de um jacaré-açu, e de uma anta também entre os vertebrados. Todo esse tipo de material é guardado, e parte dele é depositado no museu para o público em geral ter um conhecimento.

“Mas boa parte do material fica fechado para os pesquisadores. Muitos deles vem até à Casa, do Brasil inteiro e até do mundo, a fim de conhecer um pouco desse material, que é cadastrado no Iphan e no cadastro nacional de coleções biológicas”, detalhou o biólogo, informando que a Casa da Cultura irá digitalizar todo esse material e colocar no site da FCCM para pesquisadores do mundo todo terem acesso. Ele deu prazo de conclusão deste trabalho, até o final do ano. A FCCM ainda abriga coleção de animais já extintos, além de fósseis de vegetais, como árvores que não existem mais e foram petrificadas como fóssil, outros animais são guardados no Núcleo de Geologia.

ESPELEOLOGIA

Outro setor da Casa, que desperta interesse de pesquisadores até fora do Brasil, é o Núcleo de Espeleologia, que nada mais é que o estudo da formação e constituição de grutas e cavernas naturais, e também contempla o estudo dos organismos que vivem dentro das cavernas. Segundo Maria de Jesus Santos Almeida, analista em espeleologia da FCCM, este setor já fez aniversário de mais de 30 anos em estudos realizados pela Fundação, em vários estados do País. Nos estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí há cavidades encontradas e documentadas pela Fundação.

A analista em espeleologia descreve que o trabalho é feito inicialmente pela exploração nas cavernas, na medida que a equipe de espeleologia identifica a cavidade natural, realiza documentação dela, com atributos específicos, como a parte de biologia, os bichos que existem na cavidade, a formação, são feitos vários estudos e catalogação. São registradas no cadastro nacional de cavidades controlado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Hoje, a FCCM contabiliza mais de 3 mil cavidades encontradas nessas regiões.

O trabalho do Núcleo de Espeleologia tem várias etapas, sendo inicialmente a exploração da área de potencial para encontrar cavidades, onde são feitos estudos de levantamentos do local. O grupo de pesquisa da Casa é formado por biólogos, geólogos, e uma equipe que presta serviço de consultoria ambiental para uma empresa mineradora da região, que é feito mensalmente, além de pesquisas voluntárias.

Maria de Jesus Santos Almeida destacou que na região há uma caverna bem importante, chamada caverna Marabá, que fica próxima ao Rio Sereno, divisa com Curionópolis. Essa cavidade é riquíssima na parte de biologia, colônias de morcegos, animais vertebrados e invertebrados, além do desenvolvimento. São quase 500 metros de desenvolvimento.

ETNOLOGIA

Como estamos no mês de comemoração dos indígenas, é imprescindível citar o setor de Etnologia da Casa da Cultura. Lá tem um acervo bem vasto nessa área, desde artefatos utilizados por eles, de uso cotidiano, como os que são utilizados em rituais indígenas, além da memória registrada em vídeos. A FCCM tem a preocupação de manter contato com esses povos, que embora não estejam diretamente no território marabaense, possui como referência o município, tendo seu posto da Funai instalado em Marabá.

Quem teceu o bê-á-bá do setor de Etnologia, foi o Educador Patrimonial da Casa da Cultura, Ramon Cabral. “A FCCM desenvolve trabalho com indígenas da região desde 1984, ao longo desse tempo, tem se dedicado em fazer contato com esses grupos indígenas, Akanã, Suruí, os Parkatêjê, Kikatejê que compõem o grupo Gavião da Mãe Maria”. Nas palavras de Ramon Cabral, os vídeos mostram um pouco dos rituais, e explicam alguns significados de artefatos e ornamentos utilizados por eles, como por exemplo, a questão da pintura corporal, que além da ornamentação tem um significado de comunicação, linguagem, de mostrar a qual clã a pessoa é, e em que etapa da vida ela está. Tudo isso é transmitido por meio da pintura.

Os interessados em visitar a FCCM podem ligar para agendamento, o ambiente é aberto ao público, gratuitamente e ainda dispõe de ônibus escolar.  Serviço: (94) 3322- 2315/ 3322-4176

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