Iniciativa em Marabá desperta interesse pela ciência em estudantes de escolas públicas

Alunos aprendem conteúdos fazendo experiências | Crédito Divulgação

Viver é respirar ciência, do alarme que toca para acordarmos ao que comemos, vestimos e usamos para nos locomover ou nos conectar com o mundo. Todas essas invenções surgiram a partir de estudos científicos. Mas, embora a ciência esteja presente no nosso dia a dia, nas salas de aula, os estudantes brasileiros têm apresentado dificuldades no seu aprendizado, conforme revelou a última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizada em 2022. De acordo com o Pisa, menos de 50% dos educandos conseguiram um nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências.

Em Marabá, no sudeste do Pará, um projeto da Estação Conhecimento, espaço mantido pela Fundação Vale, tem ajudado a despertar o interesse pela ciência em estudantes de escolas públicas municipais. Conhecida como Laboratório Maker e fazendo parte do projeto “Educação Científica e Tecnológica”, promovido pela instituição, a iniciativa ajuda na formação do senso crítico dos participantes e exercita comportamentos como colaboração, investigação e reconhecimento de problemas reais.

As atividades são desenvolvidas de segunda a quinta-feira, atendendo 400 estudantes de 4 a 17 anos. Durante os encontros, eles relacionam o conteúdo ensinado a situações cotidianas e, assim, absorvem o conhecimento de forma mais natural.

Com as próprias mãos, os alunos já conseguiram reproduzir no laboratório objetos como um protótipo de foguete, que alcançou voo de 115 metros usando água e ar comprimido como combustível. Quando estudaram sobre o início das telecomunicações, eles construíram um telégrafo audiovisual para se comunicarem por código morse. Também já fabricaram um livreto digital e células braille.

Com isso, a iniciativa contribui para preparar os alunos para assumirem o protagonismo no processo de aprendizagem e os encoraja a pensarem em soluções para os desafios encontrados durante as experiências em sala de aula.

Aluna nota dez

O impacto do projeto vai além da ampliação do acesso à ciência na região, com o desenvolvimento de experimentos realizados pelos alunos. Nas escolas regulares onde esses estudantes estão matriculados, os boletins também estão melhorando, como é o caso de Jayane Brito dos Santos, aluna do 1º ano da escola municipal Walquise Viana, no núcleo São Félix.
Segundo ela, somente depois que começou a participar das atividades do Laboratório Maker, conseguiu alcançar, pela primeira vez, a nota dez nas disciplinas de Ciências e História.

“No laboratório, estudamos sobre mulheres negras na ciência. Isso foi bastante importante para mim porque, na escola, quando participei de uma atividade sobre consciência negra, tive a oportunidade de falar sobre essas mulheres e explicar um pouco sobre a cultura africana”, comenta a estudante.

Da teoria à prática

De acordo com Audileide Oliveira, diretora da Estação Conhecimento Marabá, os principais elementos do Laboratório Maker são curiosidade e associação das invenções ao cotidiano dos alunos. No espaço, os participantes têm a oportunidade de criar protótipos de produtos, levando-os a compreender, na prática, como funcionam e se organizam diversos materiais e recursos ligados à tecnologia e à ciência.

“Nossa metodologia estimula os participantes a mergulharem em um ambiente criativo, de investigação e levantamento de hipóteses. Então, a partir de conhecimentos científicos e de avanços tecnológicos, eles descobrem que são capazes de construir coisas que, até então, pareciam impossíveis”, afirma.

A gestora ressalta a importância da alfabetização científica para o exercício da cidadania e transformação social. “Esses alunos podem se apropriar do conhecimento científico para contribuir com a realidade do local onde vivem, já que são estimulados a desenvolver o pensamento científico e o senso crítico”, explica Audileide.

Sobre a Estação Conhecimento Marabá

Mantida pela Fundação Vale, a Estação Conhecimento Marabá é um espaço dedicado ao atendimento integral de famílias do núcleo São Félix e arredores. A instituição promove atividades gratuitas nas áreas de educação, saúde, esporte, cultura e assistência psicossocial, alinhadas às políticas públicas. O trabalho é realizado por equipes multiprofissionais, em conjunto com a rede intersetorial de Marabá.

Sobre a Fundação Vale

Criada há 53 anos, a Fundação Vale busca contribuir com o desenvolvimento social nos territórios onde a Vale atua, por meio do fortalecimento de políticas públicas e da atuação conjunta com instituições parceiras, somando esforços para transformar a realidade dos públicos atendidos pelos programas. Para mais informações, acesse www.fundacaovale.org

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