Durante a manhã desta terça-feira, 26, o vereador Zilmar Costa Aguiar Júnior, PR, recebeu a imprensa de Canaã dos Carajás e região para uma entrevista coletiva, a primeira após a concessão de habeas corpus.
Em sua residência, ao lado de familiares, assessores e de um dos advogados, o parlamentar discursou acerca dos motivos que levaram à sua prisão. O primeiro, segundo ele, seria uma perseguição por parte de um grupo, que, mesmo sem citar nomes, deixou subentendido tratar-se do Grupo Correio de Comunicação, que, segundo Garra, já o teria avisado acerca de sua prisão. “Eu não tenho dúvidas em afirmar que eu estou sendo vítima de uma perseguição e toda a região sabe muito bem o quê e de quem eu estou falando e que é verdade. Anos atrás, durante uma reunião com esse grupo que tinha interesse em construir em cima do morro, mas a Lei Orgânica do Município proíbe isso, eu falei que, enquanto vereador, teria que mudar primeiro a Lei para depois autorizar a licença para essa construção. Mas nós sabemos da sua força [do grupo], e eles passaram por cima da Lei e foram lá e construíram. Esse é só um dos fatos. Ocorre que, quem comete um crime, precisa pagar por eles, e não achar que tudo pode ser resolvido por se tratar do “todo poderoso chefão”. E eu recebi o recado que eles iriam me perseguir e a única coisa na qual eles poderiam me atingir era num processo eleitoral que eu respondia, mas eu jamais esperei que fosse preso por causa dele”, disse.
Na última sexta-feira, 22, o desembargador presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará, Roberto Gonçalves de Moura, concedeu um habeas corpus determinando a soltura imediata do vereador que chegou a passar 10 dias recluso no Centro de Recuperação Cel. Anastácio das Neves – Crecan, localizado no município de Santa Izabel, região metropolitana de Belém.
Garra foi preso no último dia 13, durante o comprimento de um mandado de prisão preventiva, e busca e apreensão expedido pelo Juiz titular da 75ª Zona Eleitoral de Parauapebas, Lauro Fontes Júnior. Segundo o documento onde o vereador aparece como réu em um processo onde é investigado por uma suposta compra de votos, ocorrida na eleição de 2016, o mandado de prisão teria sido emitido em razão de que o parlamentar estaria coagindo as testemunhas arroladas ao processo. O vereador negou as acusações disse estar sendo vítima de perseguição. “Nesses últimos 14 dias, nós estamos vivenciando um dos piores dias das nossas vidas. Uma [canetada] de um juiz, não repercute somente na pessoa que ele está autorizando a prisão. Eu passei dez dias detido, aonde não foi recolhido somente a mim, meus familiares e amigos que entendem como desnecessária essa prisão, também foram. Eu não merecia esse circo que foi montado com o intuito de difamação e perseguição e nós sabemos muito bem quem são os verdadeiros interessados na minha prisão. Eu estou entristecido com a injustiça, até porque, eu sou o primeiro cidadão brasileiro a ser preso enquanto é investigado por uma suposta compra de votos”.
O vereador caracterizou como arbitrária a forma como sua prisão foi conduzida. “Eu fui surpreendido por um oficial de justiça que, com uma arma na minha cabeça, mandou que eu deitasse no chão. Na mesma hora, eu me coloquei à disposição da justiça e só depois eu fui saber o motivo da minha prisão. Sofri humilhações, porque não era autorizado o uso de algemas no momento da minha prisão, e eu fui algemado, mesmo sem oferecer resistência, e colocado dentro de uma gaiola que aqui na cidade só se usa para recolher animais. Eu fui transportado por mais de 900 km, de Parauapebas a Belém, dentro dessa gaiola, isso é arbitrário e desumano. Nós iremos tomar providências a respeito desses abusos, mesmo porque foi muito triste ver a minha filha presenciando o seu pai sendo algemado e colocado dentro de um camburão, até porque, eu nunca fui omisso em todas as vezes que eu fui procurado pela justiça. O desembargador entendeu que a minha prisão foi arbitrária, e determinou minha soltura imediata”.
Júnior disse ainda estranhar que sua prisão ter ocorrido dias após ter protocolado um oficio junto à Assessoria de Comunicação – Ascom, da Prefeitura Municipal de Canaã dos Carajás, onde solicita o fornecimento de informações acerca de alguns contratos e que, mesmo após sua prisão, deixou claro que não vai recuar. “Essa prisão se deu exatamente no momento em que eu protocolo um pedido de informações junto à secretaria de comunicação do município, onde eu solicitei todos os contratos de publicidade, e estranhamente, logo as coisas aconteceram. Mas eu vou continuar fiscalizando, quero saber quanto está sendo gasto com a comunicação, para onde está indo esse dinheiro, portanto, eu não vou recuar”.
Sobre seu mandato como vereador, o líder do PR em Canaã dos Carajás disse que continua tudo igual. “Agora nós vamos fazer a devida defesa e continuo a disposição da justiça. Preciso me apresentar uma vez ao mês no Cartório Eleitoral para dar ciência de que eu estou na cidade, mas não tenho nenhuma restrição. E sobre o meu mandato, eu não fui suspenso ou cassado, e vou continuar fazendo aquilo o que eu sempre fiz, que é representar o povo, fiscalizando o Executivo e doa a quem doer, vou continuar o meu trabalho de fiscal”, finalizou.