Pesquisa com jovens sobre impactos da Covid chega à terceira edição

Como as crises política, econômica e social agravadas pela pandemia de Covid-19 afetam os jovens brasileiros em diferentes contextos? Mesmo com 78% da população imunizada e o período de distanciamento social tendo ficado para trás, o coronavírus provocou muitas mudanças na sociedade, que impactam fortemente os jovens. Entender essas consequências e construir soluções que apoiem as juventudes é o objetivo da pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E Agora?”, lançada no dia 18 de julho, por meio do link Atlas da Juventude.

Trata-se da terceira edição da escuta que já mobilizou mais de 100 mil jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil nos primeiro e segundo anos da pandemia e pretende agora produzir novas evidências para fortalecer a participação das juventudes nos debates públicos e tomada de decisões. A iniciativa é coordenada pelo Atlas das Juventudes e realizada em parceria com Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO e Visão Mundial, com apoio de Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF.

Se nas edições anteriores os dados levantados apontaram riscos como a perda de trabalho e renda, a falta de condições para dar continuidade aos estudos e o elevado nível de estresse provocados pelas mudanças nas rotinas dos jovens, a terceira onda se propõe a entender o legado de dificuldades deixadas por esse período, mas também mapear hábitos adquiridos, aprendizados, mudanças de perspectivas e expectativas para o futuro. “Nosso objetivo é seguir fortalecendo os mecanismos para a ampliação das vozes de jovens. Queremos produzir novas evidências sobre os efeitos da pandemia e do contexto atual em suas vidas e na sociedade e principalmente subsidiar a construção de uma agenda pública a partir das prioridades para e com as juventudes”, afirma Marcus Barão, Coordenador Geral do Atlas das Juventudes.

Como nas edições anteriores, o questionário tem quatro áreas temáticas: saúde e bem estar; educação e aprendizado; trabalho e renda; e vida pública e democracia. Há ainda algumas perguntas sobre a origem dos respondentes e seu perfil socioeconômico, mas para participar não é necessário se identificar. Em cerca de 20 minutos, os jovens terão a oportunidade de relatar experiências, expor preocupações e apontar suas prioridades, respondendo a perguntas como “você sente que desenvolveu ou piorou alguma dificuldade
por causa do período de ensino remoto?”; “quais são as principais preocupações que você tem hoje geradas pela pandemia?”; e “pensando no futuro na área de trabalho e renda, quais são as duas ações prioritárias para instituições públicas e privadas ajudarem jovens a lidar com efeitos da pandemia?”.

A construção do questionário foi realizada por meio da metodologia PerguntAção, que envolve o público da pesquisa em todas as suas etapas. Treze jovens de diferentes regiões do país e com diferentes experiências vêm se reunindo uma vez por semana, desde junho, para debater os temas da consulta. Esse processo participativo é coordenado pela Rede Conhecimento Social, uma das organizações parceiras da iniciativa. “Para que as juventudes possam influenciar na tomada de decisões relacionadas a políticas e projetos que as afetam, é preciso que elas sejam protagonistas da construção de conhecimento sobre seu contexto. Por isso, o grupo de jovens pesquisadores têm um papel fundamental na pesquisa: além de trazer uma ampla diversidade de olhares e experiências para a concepção das perguntas, as discussões buscam identificar perspectivas de futuro e propostas para enfrentar os desafios impostos pela pandemia”, diz Marisa Villi, diretora da Rede Conhecimento Social.

Para Mailson Aguiar, jovem pesquisador de Canaã dos Carajás (PA), “As juventudes têm muito a falar e a pesquisa é uma abertura para conhecer os anseios, desejos e amplificar nossas vozes. Vivemos em um país de realidades distintas e queremos contribuições de todos os lugares, o que torna ainda mais relevante a participaçãos das juventudes da nossa região aqui no estado do Pará e de outros territórios do Brasil, para colaborar a partir de suas próprias experiências e desafios”. Colaboraram também em discussões para a elaboração do questionário o comitê gestor da iniciativa, formado por representantes das instituições realizadoras e apoiadoras da consulta. Agora, todas essas organizações e o grupo de jovens pesquisadores concentrarão esforços para convidar as juventudes em todo o país a participar da escuta.

Durante a coleta de dados, que vai acontecer até o dia 9 de agosto, será realizado um monitoramento diário que influenciará as estratégias que serão adotadas na mobilização por respostas, com o objetivo de garantir diversidade geográfica, de faixa etária, gênero e cor/raça entre os participantes. “Ouvir as juventudes, considerando o máximo de diversidades, é a nossa meta, neste momento. Convidamos a todos e todas a apoiar este processo de mobilização, fazendo chegar o questionário às juventudes de todas as regiões e estados. Faremos esse monitoramento usando como referência os dados de distribuição geográfica e de perfil da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2021. Na medida em que observarmos os segmentos juvenis menos representados, vamos reforçar estratégias de mobilização para eles”, diz Rosalina Soares, assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, organização que é realizadora e apoiadora da iniciativa. A divulgação dos dados da pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E Agora?” está prevista para acontecer em setembro.

 

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