Boechat, eterno 

Imagem: Reprodução/ Band

Hoje falo como um mero fã, expectador e entusiasta desse trabalho jornalístico marcado pela voz ferrenha de um grande profissional e, acima de tudo, ser humano.

Eu assisti o Boechat quase todos os dias durante os últimos três anos de vida na atividade televisiva e junto dele me emocionei, me esperancei e, com veemência, me indignei com as mazelas do Brasil e do mundo.

Eu que nunca tive o hábito da radio, descobri na troca de um pen drive para o outro, os comentários do Boechat às 11:30h – horário local. Desde então, vinha pensando como poderia fazer para gravar seus programas nos dias em que eu, por ventura, não pudesse ouvi-lo. Assim mesmo, semelhante ao que você e eu fazíamos com a fita cassete, para eternizar aquele programa favorito. Se eu soubesse que o perderíamos tão rápido, certamente teria dado um jeitinho.

Eu defino o Boechat como um jornalista investigativo, fino, elegante, imparcial e preciso. Referência não só para mim, mas até para os consagrados jornalistas “globistas”, pela sua astúcia e sutileza na ancoragem da informação. Na vida pessoal mais conhecida, é pai de seis filhos e marido da “Doce Veruska”, maneira como ele carinhosamente a chama. O Ricardo é também reverenciado por onde passa como um excelente amigo, conselheiro e ser humano. Veja, como você bem observou, eu não me refiro a ele no passado, mas no presente. Afinal, como diria Mario Sério Cortella: “Nós não podemos ser imortais, mas podemos ser eternos”.

Claro que o Boechat assim como eu e você não foi razão o tempo todo (se assim nós fôssemos, o Romantismo de Francisco Goya e William Blake não existiria), ele também teve seus momentos de “pane”. Clarice Lispector, por exemplo, brilhante ucraniana criada em berço carioca, diante de sua incrível percepção de mundo e a desonrosa realidade que ele nos esfrega à cara, tornou-se em vida uma pessoa extremamente atormentada. Costumo dizer que ser alguém bem informado é um caminho corajoso e muitas vezes sem volta. Tem que ter muito estômago para deglutir determinadas notícias! Daí a fama do dito popular: “A ignorância é uma benção”.

O que Boechat representa para mim no campo da informação equivale à Rubem Alves e suas crônicas pitorescas sobre amor e família; ou ao Cortella na filosofia e ciência da religião; Mario Quintana na poesia; ou até Machado, no tal do “Brás Cubas” e “Dom Casmurro” que a professora te obrigou a ler nas férias para expandir o vocabulário.

Espero que eu tenha o prazer, ou até meus filhos e netos, de absorverem novas informações transmitidas por um comunicador do nível do Ricardo Boechat.

Em tempos tão delicados, o país perde uma potente voz na defesa da ética.

 

Rafael Greco é administrador, pós-graduado em gestão de pessoas e está há 9 anos na hotelaria. Atuou durante sete anos como executivo da 2.0 Hotéis S/A, incorporadora hoteleira da investidora norte-americana HSI. Atualmente Gerente Geral do Pumma Business Hotel, em Canaã dos Carajás-PA – maior hotel das regiões Sul e Sudeste do Estado.

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