Renata, eu te disse para mudar, mas nem tanto

Por: Kleysykennyson Carneiro

Pô, Renata, assim não dá! Meu, você é nova demais! Qual a tua idade? 16, 17? Olha aí, 18! Nova demais! Eu já tenho 26. É outra cabeça, outro jeito de pensar. Tô tentando olhar pra frente, Renata, tá meio fora pra você. Eu te acho incrível, mas a gente não dá. Tô com a cabeça cheia de problemas, os nervos à flor da pele e muito trabalho para fazer. Você nem deve ter problemas, né? Fica me perturbando o dia todo com as tuas meninices… Eu não tenho tempo e nem saco para isso.

Pô, Renata! Detesto o jeito que você conduz a própria vida. Você precisa ter mais ambição! Estudar mais! Malhar mais! Querer crescer, menina! A vida passa num átimo e ela é só o que a gente escolhe para fazer dela. Não, não, eu não aceito a tua melancolia. Não gosto quando você se recolhe no seu canto, põe a cabeça entre os joelhos e chora. Isso é fraqueza, Renata! Quando você vai aprender? Essas bordoadas que eu dou na sua alma são pra te fazer melhor e você nem pra me agradecer, né Renata?

Ninguém suporta o teu chororô no período menstrual. As tuas queixas são irritantes, a tua indisponibilidade para os meus desejos é um inferno. Renata, você precisa mudar.

Quando você mudar, for um pouquinho mais velha, acho que dá pra gente se levar a sério. A propósito, não gostei do teu último corte de cabelo, tá? Muda! Não vou sair com alguém com esse cabelo pela rua. Tá vendo por que eu digo que você precisa mudar? É cada presepada que você me arruma.

Ei, mas calma aí! Também não é para tanto. Não precisa mudar tudo assim. Não, Renata, você não entendeu bem. Não era assim que eu queria que tudo acontecesse! Você enlouqueceu? Acorda, Renata! Acorda, acorda! Levanta dessa cama! O que você tomou? Gente, a caixa está vazia, e agora? Renata, Renata! Eu mudo se você acordar! Renata, mexe, respira, renasce, nem precisa crescer mais…

Renata, eu te disse para mudar, mas nem tanto assim. Não entendi o porquê de ir tão longe. Sempre critiquei a tua fraqueza, mas isso é demais… Renata, Renata, não gostei do design do caixão e nem da sua roupa, convenhamos: se a morada e a vestimenta são definitivas, tinham que ser de mais bom gosto.

Renata… Você não aprende mesmo.

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