Opinião: Vivo fosse atualmente, Jesus seria morto pelos próprios cristãos

Há dois mil anos, Jesus não foi morto por ser o Messias, mas por questionar o sistema existente. Nos dias de hoje, Cristo seria taxado de esquerdista e morto pelos cristãos e defensores da moral e dos bons costumes

Não se engane! Jesus nunca morreu por ser o Filho de Deus, por ser o Messias, por um conluio de forças das trevas.
Não.
Jesus morreu por se opor ao sistema.
Jesus foi humilhado, torturado e crucificado por um estado cruel, covarde, violento, desumano. Cristo não teve um julgamento digno, nenhum direito respeitado, seus gritos não foram ouvidos.
Cristo, há dois mil anos, foi vítima da intolerância de quem se beneficiava do sistema, de quem não aceitava ser questionado. Defensores da moral e dos bons costumes mataram Jesus. Gente que não aceitou alguém defender prostitutas, que não aceitou alguém que multiplicava pães e peixes e os distribuía aos mais pobres. Jesus foi morto por pessoas que não toleraram quando ele mandou que um jovem rico desse tudo o que tinha aos mais pobres.
O estado matou Jesus. Sim. Mas com ampla aprovação popular.
E nada mudou.
Vivo fosse nos dias de hoje, Jesus seria morto pela hipocrisia dos que se chamam hoje “cristãos”. Seria julgado de novo, chicoteado em praça pública, apedrejado e, por fim, crucificado. O Datena transmitiria tudo ao vivo e o Messias seria chamado de criminoso; “bandido bom é bandido morto”, “tá na cruz é porque mereceu”.
Jesus, negro e com um discurso de oposição ao sistema, seria assassinado como Marielle. O presidente, em uma espécie de “eu lavo as minhas mãos”, não comentaria nada a respeito para não causar polêmica, mas cumprimentaria o trabalho das milícias responsáveis pela execução.
Jesus seria morto, expulso do país por defender gays.
Jesus seria morto por entender que nenhum fazendeiro teria direito de atirar contra um sem-terra.
Jesus seria morto pelo pastor-milionário que fala em seu nome para se dar bem.
Todos os anos, a via-crúcis é relembrada e muitos são os rostos em que choram a desgraça do Filho do Homem, que morreu para salvar a todos.
No entanto, quantos desses aplaudem a tortura e se dizem contra os direitos humanos? Quantos? Quase todos.
Cristo estaria do lado dos oprimidos e morreria por isso. A bancada evangélica condenaria Jesus e o mataria, em nome de Deus.
Os defensores da família seriam os primeiros a atirar as pedras.
É triste.

Mas, mesmo dois mil anos depois, tudo aconteceria da mesma forma: a hipocrisia mataria Cristo e uma multidão aplaudiria o feito.

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