Pesquisa do MEC com dados do Pará foi divulgada nesta quinta-feira (17). Dados apontam problemas com aprendizado de português e matemática.
A maioria dos estudantes do Pará que cursam o 3º ano do ensino fundamental – quando termina o ciclo de alfabetização nas escolas – só consegue localizar informações “explícitas” em textos curtos, e tem dificuldade em fazer tarefas de matemática mais complexas do que contar até 20. A conclusão é do Ministério da Educação (MEC), que realiza desde 2013 a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) para medir o conhecimento dos alunos em leitura, escrita e matemática.
De acordo com o ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, na escala de leitura, é considerado inadequado apenas o nível 1, onde estão 42,45% das crianças pesquisadas no estado. Em escrita, do nível 1 ao 3 os estudantes demonstram que não aprenderam o esperado. É o caso de 77,4% das crianças. Já em matemática, são considerados níveis insuficientes de aprendizado o 1 e o 2, onde estão 81,43% dos alunos avaliados no estado.
Leitura
No caso da leitura, os níveis vão de 1 a 4, e só 3,18% dos estudantes atingiram o nível mais alto (o 4). 42,45% dos estudantes não passaram do nível 1, onde, segundo o Inep, as crianças são capazes apenas de ler palavras com sílabas canônicas (compostas de uma vogal e uma consoante) e não canônicas.
Outros 36,35% ficaram no nível 2, que corresponde a conseguirconhseguer, por exemplo, achar informações explícitas apenas em textos curtos, ou se elas estiverem na primeira linha de um texto mais comprido. O MEC considera como exemplos de textos curtos piadas, poemas e quadrinhos, entre outros. Segundo a avaliação, textos mais extensos podem ser trechos de literatura, lendas, cantigas folclóricas ou poemas.
No nível 2, as crianças sabem reconhecer a finalidade de diferentes tipos de texto, como convite, receita, anúncio ou um bilhete, e entendem o sentido de piadas ou de histórias em quadrinhos que misturam a linguagem verbal e a não verbal.
No nível 3 estão 18,02% das crianças, diz a ANA. Nesse nível, o estudante é capaz de localizar informações explícitas no meio ou ao final de textos mais extensos, identificar onde está o pronome pessoal do caso reto em alguns textos, e fazer a relação entre causa e consequência de textos verbais ou de textos que usam linguagem verbal e não verbal.
Já no nível 4, o mais alto, onde está a menor porcentagem das crianças avaliadas (3,18%), o estudante já deve ser capaz de reconhecer a relação de tempo em texto verbal e os participantes de um diálogo em uma entrevista ficcional, identificam outras estruturas sintáticas em textos curtos, como o pronome possessivo, o advérbio de lugar e o pronome demonstrativo, entendem o sentido de trechos de contos e o sentido de palavras em meio a texto mais compridos.
Matemática
O pior índice obtido pelo pará foi na escala de de alfabetização em matemática, onde 44,72% das crianças atingiram o nível 1, e 36,71% delas ficaram no nível 2. Ambos os níveis são considerados inadequados pelo ministro Janine Ribeiro.
Segundo o presidente do Inep, Chico Soares, há uma explicação mais complexa por trás dos resultados da prova de matemática. O desempenho dos estudantes, de acordo com ele, é impactado pelo nível de conhecimento do português, “porque os estudantes precisam interpretar aquele problema para transformá-lo em um cálculo, em um resultado”.
No primeiro nível, espera-se que as crianças saibam contar até 20, ler as horas e minutos em relógio digital e comparem objetos pelo seu comprimento, entre outras habilidades. No segundo, elas também reconhecem o valor monetário de cédulos e de grupos de cédulas e moedas, identificam o registro do tempo em um calendário, completam sequências numéricas crescentes e escrevem números de dois algarismos na ordem, além de somar até três algarismos e subtrair até dois algarismos.
Já no nível 3, onde o aluno provavelmente é capaz de resolver problemas com números maiores de 20 e calcular divisões entre partes iguais, com apoio de imagem, foi atingido apenas por 1 em cada 10 (10,70%) estudantes.
No nível 4, o mais alto da escala de matemática, estão 7,87% dos estudantes paraenses que concluíram o ciclo de alfabetização em 2014, segundo o Inep. Neste nível, eles devem ser capazes de ler as horas e minutos em relógios analógicos, sabem ler alguns elementos de gráficos de barra, fazem operação de subtração com até três algaritmos e divisão em partes iguais ou em proporcionalidade sem auxílio de imagens.
Redação do Portal Canaã, com informações do G1