Jatene joga a toalha e Helder respira aliviado: quem irá enfrentá-lo?

Visita do Governador Helder Barbalho na Fenecan 2019 / Foto: Jorge Clesio

Ver-o-fato –  Declarado ilegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a possibilidade de ir ao STF e concorrer sub-judice, o ex-governador Simão Jatene usou ontem as redes sociais para anunciar que não disputará a eleição deste ano.

Na verdade, Jatene desistiu de uma disputa eleitoral na qual sequer entrou, embora a simples menção do nome dele, como possivel e forte adversário do atual governador, causasse calafrios em Helder Barbalho (MDB), que busca reeleição a qualquer preço, inclusive de milionária campanha.

Sem Jatene no páreo, Barbalho não vê no pobre horizonte eleitoral do estado outro rival em condições de destroná-lo do poder – sua verdadeira obsessão – , marchando com toda a soberba e arrogância que são suas marcas registradas rumo à reeleição.

Aliás, Helder Barbalho não tem qualquer obra relevante para merecer o voto dos paraenses. Seu governo é pródigo em escândalos de corrupção, mas ele passou os últimos três anos posando de rei do Norte, empenhado em afastar de seu caminho qualquer litigante com chance de derrotá-lo.

Os atuais candidatos que se dispõem a enfrentá-lo encaram uma desproporcionalidade de armas eleitorais jamais vista na política paraense, seja à direita, esquerda ou centro. Boa parte do espectro partidário, por outro lado, foi cooptado, ou literalmente comprado, com cargos no governo ou emprego de filiados bancado pelos cofres públicos.

O que em outros tempos poderia ser denominado de coisa pública hoje, no Pará, virou um negócio em família, onde a perseguição a jornalistas e a utilização da polícia para afastar eventuais discordantes transformou-se em regra. Isso tudo diante de um fiscal da lei inerte e de julgadores de contas que só julgam o que não incomoda os inquilinos do poder.

A desistência do ex-governador

Em um vídeo com pouco mais de 8 minutos, o ex-governador Simão Jatene explicou as razões que o levaram a jogar a toalha política da disputa em outubro próximo. Disse, por exemplo, que Helder Barbalho está “nadando em recursos de origem não explicada”.

Lembrou que ano após ano, os Barbalho tem “tentado manchar meu nome e agredir minha família. inventando mentiras, produzindo e reproduzindo factóides. Sem qualquer limite, tem se utilizado de todos os meios para me afastar dos processos eleitorais, talvez até lembrando da derrota que lhe foi imposta, não por mim, mas pelos paraenses, na disputa que nós tivemos em 2014”.

Disse ainda que, no que se refere à questão de honra, “jamais eles conseguiram sucesso uma vez que todas as tentativas de nos nivelar a eles  ou nos vincular a esquemas de corrupção foram frustrados, desmoralizados pelos fatos e derrotados pelo tempo”.

” No que diz respeito à questão eleitoral, devo reconhecer que as suas manobras conseguiram forjar e obter a adesão para a fantasiosa história de que em 2014 o nosso governo teria violado a lei eleitoral ao executar o programa Cheque Moradia e beneficiar milhares de famílias com um suposto objetivo eleitoreiro. Ainda que a realidade mostre a fragilidade de tal afirmação”, acrescentou Jatene.

Sobre o uso do Programa Cheque Moradia, esclareceu que à época daquela eleição (2014) já existia há 10 anos. “Logo, ele não foi criado pras eleições, diferentemente de algumas ações que hoje estamos assistindo e estranhamente só não são vistas por uma espécie de cegueira seletiva por parte de algumas autoridades”.

Por outro lado, em 2015, que não foi um ano eleitoral – continua o ex-governador -, o número de famílias beneficiadas foi igual ao de 2014, o que, segundo Jatene, “desqualifica a acusação de que o crescimento do programa objetivava a eleição de 2014. Mesmo então, contrariando o bom senso, a lógica, estranhamente eu fui considerado inelegível só podendo concorrer sub júdice”.

O ex-governador fez questão também de declarar que foi ” julgado inelegível não por corrupção, é bom que isso fique muito claro. Tampouco por assalto aos cofres públicos, compras superfaturadas de bens inservíveis ou tentativa de calar pessoas e destruir reputações. Não. Numa afronta a todos os que têm memória e lembro como foram as eleições de 2014, particularmente os debates do segundo turno, quando mostramos os fake news e os abusivos gastos da campanha milionária do atual governador, cuja origem só foi revelada com a Lava Jato, que destaque-se jamais fez qualquer referência a meu nome”.

E mais: “eu fui julgado por executar um programa social que já existia por uma década e atendeu sempre a população menos favorecida, inclusive sendo considerado por isso referência nacional. Por tudo isso, em respeito, apoio e apelo das pessoas de bem, que buscam uma alternativa ao descalabro e à manipulação política que vivemos no estado, por uma questão de responsabilidade eu não devo assumir candidatura por entender que nesses tempos estranhos de enorme insegurança jurídica disputar uma eleição sub judice não é uma questão que se processa e se esgote apenas no campo jurídico, no campo do direito”.

” Assim, embora advogados amigos afirmem existir a possibilidade de recurso, eu tenho que reconhecer que existem prazos que não podem ser desconsiderados sob o risco de ao tentar ajudar eu acabar prejudicando o avanço e consolidação de uma oposição que é absolutamente necessária. Uma oposição ao que aí está e a hora da decisão é chegada. Amigos e amigas, na busca de contribuir para reduzir a pobreza e a desigualdade, construir uma sociedade mais justa, eu sempre procurei combater o bom combate e respeitar a confiança em mim depositada. Não por vaidade ou soberba, mas na defesa de valores que são muito caros eu jamais me vendi ou me rendi por entender que a felicidade coletiva exige o permanente  exercício da ética por parte de cada um e de todos”, assinalou.

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