Servidores participam de capacitação sobre prevenção ao trabalho escravo em Santarém

Encerrou na tarde desta quinta-feira (10), uma capacitação sobre o combate ao trabalho escravo na região Oeste do estado. Servidores da Secretaria de Trabalho e Assistência Social de Santarém (Semtras) e da Secretarias de Educação dos municípios de Óbidos, Monte Alegre e Itaituba participaram da capacitação.

Essa capacitação está sendo realizada pelo projeto “Trabalho escravo, nem pensar”, desenvolvido pela ONG Repórter Brasil, com destinação de recursos do Ministério Público do Trabalho (MPT).

A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Tatiana Amormino, argumenta que para se combater o trabalho escravo é preciso educação e informação. “O Ministério Público do Trabalho não atua, apenas, reprimindo irregularidades trabalhistas, mas reverte multas e indenizações decorrentes dessas irregularidades a projetos que beneficiam a sociedade como ‘Escravo, nem pensar’. Acreditamos que, por meio da educação, é possível mudar a realidade social e construir um futuro melhor”, destaca a procuradora.

De acordo com assessor de projetos da ONG Repórter Brasil, Thiago Castelli, esse trabalho acontece por 15 anos, cujo objetivo é a prevenção ao trabalho escravo. “Essa é a primeira vez que trouxemos para a região Oeste do Pará, na região do Tapajós, em Santarém, onde existe a fronteira agrícola, onde a mata está sendo retirada em algumas vezes ilegalmente para implementação de fazendas e plantações. Essas implementações representam um avanço em certo sentido para quem mora aqui na região, mas tem que ficar atento para os sintomas de exploração e violações de direitos e ilegalidades que acontece nesse processo”, pontuou o assessor da ONG.

Thiago Castelli destacou que o projeto Trabalho escravo, nem pensar é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Assistência Social e secretarias municipais de Educação de Santarém, Óbidos, Monte Alegre e Itaituba.

“O nosso propósito claro é disseminar informações para a sociedade sobre o tema trabalho escravo. As pessoas precisam saber reconhecer como acontece isso e fazer eventualmente denúncias. Também, o trabalho de prevenção em geral e para a assistência social deixa pessoas capacitadas para atender eventualmente vítimas que passem por essa situação”, explica.

Como as pessoas podem identificar o trabalho escravo? No Artigo 149 do Código Penal Brasileiro traz as situações e penalidades sobre como reduzir alguém a condição análoga a de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) e também destaca suas penalidades: Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).

Thiago Castelli, ao citar a lei, ressaltou a importância de que todos possam estar capacitados para o combate ao trabalho escravo e afirmou que essa capacitação deverá ser realizada até o meio do ano que vem com os profissionais que aceitaram bem a proposta do projeto.

A coordenadora do Centro Pop Dom Lino Vombommel, Glaucya Fiore, participante da capacitação informou que devido ao público atendido na unidade – pessoas em situação de vulnerabilidade social – alguns casos chegaram ao local.

“Ultimamente, essa demanda vem aumentando com a situação de imigrantes na região como civis e Warais da Venezuela, que pela situação vivenciada se tornam vulneráveis à prática criminosa. Em casos, algumas pessoas ficam em situação de rua por receber propostas de trabalho e se deparam com trabalho escravo e, por isso vão parar nas ruas. É muito importante sabermos o que fazer diante dessas situações. Quando isso acontece, nós no centro fazemos o atendimento e identificamos se ele foi mesmo vítima de  trabalho escravo e encaminhamos os casos para o Ministério Público do Trabalho”, pondera.

Glaucya afirmou que já conhecia o projeto quando esteve em São Paulo e destacou que é um trabalho muito importante e que chega a região em um momento oportuno para que todos possam estar melhor preparados para esse combate na região.

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe uma resposta