Confira entrevista com o novo presidente da Câmara de Canaã dos Carajás

Wilson Leite durante sessão na câmara de Canaã dos Carajás Foto: Reprodução/Ascom CMCC

Casado, pai de quatro filhos, quatro netos e natural de Ceres no interior do Goiás, é assim que vamos começar a retratar um pouco a trajetória de Wilson Antônio da Silva Leite.

Há trinta anos,  Wilson da Nossa Casa como é conhecido em Canaã dos Carajás, começava a escrever a sua história em solo paraense, mais precisamente no município de Breu Branco, no sudeste do Pará.

Hoje, prestes a completar 52 anos, Leite contou em entrevista exclusiva ao Portal Canaã, que  passou a ver a política com outros olhos só no ano 2000, antes disso, já havia experimentado o gosto do negócio apenas como gestor de algumas pastas públicas. No entanto foi no ano de 2004 que o então empresário pôde conhecer de fato a política mandatária, quando com 576 votos obtidos na urna, foi eleito vereador pelo Partido Verde (PV)  de Breu Branco.

Em 2013 mudou-se para a “Terra Prometida” já com o futuro pronto para sair do papel. Empresário, ergueu na cidade uma loja de material de construção a qual lhe forneceu também o mesmo nome que seria usado nas urnas anos mais tarde.

Em 2016, Wilson Leite, já filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), colocou  seu nome à disposição dos eleitores Canaãnenses para ocupar uma das 13 cadeiras da Câmara Municipal de Vereadores. Articulado, obstinado e apresentando propostas visionárias, foi eleito com 942 votos. “Eu não me mudei para Canaã com a intenção de ser político, mas como diz o ditado “onde está seu coração, lá está o seu tesouro”, eu senti uma necessidade de participar do processo político da cidade, e estamos aqui para cooperar. Não viemos para tomar o lugar de ninguém, queremos apenas ocupar o nosso espaço. E aqui nós estamos para usar nossas estratégias, esse é o Wilson Leite”.

Durante entrevista, destacamos alguns tópicos, confira:

Portal Canaã – Por cerca de 10 meses, você como Líder do Governo no Legislativo, fez a ponte entre os dois poderes, qual teria sido o motivo para você “abandonar o barco” recentemente?

“Eu diria que o meu convite para a liderança do Governo foi mais uma estratégia de ambas as partes, tanto da parte do governo que me convidou, quanto da minha que aceitou. Eu vinha tendo uma posição um tanto firme, eu não diria de oposição, mas de destacar as problemáticas do município nas quais o governo não dava muita atenção, então, a minha estratégia era tentar uma aproximação para tentar sensibilizar o prefeito de que havia a necessidade de executar muitas coisas que não estava sendo feitas. Para se ter uma ideia, aqui na cidade existem ruas que estão sendo tomadas pelo matagal e o prefeito não conseguiu sequer dar limpeza. A minha ideia era que ele contratasse uma empresa terceirizada para realizar o serviço, com isso, iria gerar ao menos 200 vagas de emprego. Infelizmente o prefeito não é muito acessível às ideias que são boas.  Chegaram a comentar nas redes sociais que eu havia me vendido, que tinham descoberto o preço do vereador, mas essa não é a verdade. Têm coisas na política que são injustas e a gente tem que absorver “de boa”. O meu intuito era ajudar o município e o meu acordo com o prefeito era de que ele iria tomar as providências com relação à saúde, uma vez que ainda hoje existem pessoas aguardando para fazer exames ou se consultar com especialistas há mais de um ano. É inadmissível esse município ainda não ter certos profissionais da área da saúde. Esse era o meu objetivo, ajudar o município, no entanto, eu vi que “dessa mata não ia sair coelho”. Foi aí que decidi caçar em outro setor”.

Portal Canaã – Quando assumir a presidência da Câmara, você pretende derrubar o sistema?

“Eu não diria que iria contra o sistema, eu diria que nós temos que mudar o sistema. O Brasil passa por um momento diferenciado, e bater de frente não é o caminho, o caminho é sensibilizar o gestor  de que o modelo da velha política não funciona mais. Eu não quero ser um fiscal, a palavra fiscal é muito forte, o papel do parlamentar é ser um orientar, e nós vamos ajudar ao prefeito a gerir os recursos públicos, acho que esse é um viés que tem que ser seguido, dialogar é sempre o melhor caminho”.

Portal Canaã – Fala-se em Wilson Leite como sendo um homem bastante articulado politicamente, dessa forma, a população de Canaã o terá como candidato a prefeito em 2020?

“Quando eu digo que ‘onde está o seu tesouro, lá está seu coração’, eu quero dizer que aqui está o meu maior patrimônio que é minha família, minha empresa, então eu tenho que ter zelo por eles. Isso não nos torna articuladores, isso nos faz ficar atentos aos acontecimentos da politica, porque, quer queira, quer não, a política é quem dita a regra no mundo. E com relação a 2020, eu diria que tudo é uma construção. Nós temos 13 vereadores , com partidos políticos interessantes e fortes, eu diria que é desse meio que vai sair algum candidato. Eu não estou me lançando candidato, tudo isso vai fazer parte de articulações que serão feitas. Pode ser eu? Pode. Mas também pode ser outra pessoa. Antes de tudo, nós precisamos de um projeto para Canaã dos Carajás. Nós queremos sim ser participantes do desenvolvimento da cidade, mas seu eu vou ser candidato a prefeito ou não, só o tempo poderá dizer”.

Portal Canaã – Se hoje, o prefeito Jeová  Andrade lhe convidasse para uma aliança com o objetivo de lhe lançar como próximo prefeito, você aceitaria?

“Se fosse hoje, eu iria agradecer muito pela indicação da pessoa dele que também é um grande líder, mas eu ia lhe dizer que ainda é muito cedo. E lhe diria que “passarinho que alça vôo antes da hora, pode ser abatido em pleno vôo”.

Portal Canaã – Na semana passada foi  assinada a autorização milionária para a compra do novo prédio da Câmara. Com a falta de emprego e a necessidade de se investir em saúde, educação, geração de emprego além de outras áreas em Canaã, na sua opinião,  essa aquisição foi feita em uma boa hora? Havia de fato a necessidade de se comprar esse prédio nesse momento?

“Eu sou a favor da geração de emprego,  entendo também que o próprio Poder Legislativo, com o orçamento para 2019, não tem condições de mudar-se para o novo prédio, mesmo que a prefeitura se responsabilize por toda a reforma. Só a manutenção daquele prédio vai triplicar, se hoje nós temos dez funcionários para cuidar da limpeza do prédio, no ano que vem nós vamos precisar de 15, por exemplo. É quase inviável para o Legislativo assumir aquele prédio. A minha opinião administrativa com relação à essa aquisição é que, de fato, o Poder Legislativo precisa se estruturar melhor, hoje as próprias secretarias da casa trabalham espremidas, os vereadores precisam de um gabinete maior, mas eu entendo que no momento, o Legislativo ainda não tem estrutura para assumir um prédio daquela envergadura”.

Portal Canaã – Quantas indicações você fez em 2018 e quantas saíram do papel?

“Eu devo ser o vereador que menos faz indicação. Se você for avaliar todas as indicações que foram feitas, eu acredito que o Executivo tenha atendido menos que 10. Indicação é contar a necessidade, agora se o executivo vai fazer, já é outra história. Acredito que eu devo ter feito umas cinco indicações, dessas, acho que três foram aprovadas, entre elas: Recuperação das estradas vicinais  – VP 5, VP 12 e o projeto da construção do sistema de abastecimento de água da Vila Jerusalém já está pronto para sair do papel”.

Portal Canaã – Como presidente da Câmara você vai ser “uma pedra no sapato” do prefeito Jeová Andrade?

“Esse termo é muito forte, mas eu acredito muito no diálogo e na coerência. Um dos papéis da presidência é cuidar de vereador e nós vamos procurar fazer isso direitinho. Pretendo  sentar sempre que necessário com o Poder Executivo e colocando a ele que o município tem muito recurso e esse recurso tem que chegar ao seu destino, tem que ser aplicado da forma correta. Eu diria que como presidente, eu vou ser mais parceiro da população e também parceiro do Executivo. Nós vamos procurar sensibilizar o prefeito acerca dos trabalhos que estão ficando por fazer, dessa forma, a população só tem a ganhar”.

Portal Canaã – Como novo presidente da Câmara qual será o seu diferencial?

“No mundo, não adianta alguém querer ser o mais perfeito, o mais correto, o que nós temos que fazer é procurar ser o menos imperfeito possível e procurar transparência sempre. Na minha gestão, nós vamos procurar ser o mais transparente possível e tornar a Câmara mais próxima da sociedade”.

Portal Canaã  – O que houve com os sete vereadores, inclusive você, que não compareceram no Sessão do dia 27/11 para a votação do novo presidente da Câmara, sendo que você já era o candidato mais forte?

“A bíblia diz o seguinte ‘A palavra branda acalma o furor, mas a palavra dura suscita a ira’. Antigamente, as eleições das mesas diretoras de Canaã dos Carajás eram resolvidas no “ringue”, portanto, nós resolvemos mudar isso, resolvemos mudar para o tabuleiro, para o jogo das pedras, o jogo das estratégias. Esvaziar a sessão do dia 27 foi uma das nossas estratégias para não partir para o ringue, porque de fato, o cenário do outro lado estava preparado para isto. Tinha duplicidade de inscrição nas chapas, a mesa diretora da casa tem soberania para julgar sobre as chapas credenciadas e as não credenciadas e o outro lado que propunha o fight (briga) tinha soberania sobre isto, então, ao invés de ir para o embate neste sentido, nós decidimos ir para o jogo dos tabuleiros, e deu tudo certo, foi a melhor coisa que aconteceu”.

 

Reportagem: Silvia Lopes 

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