Caso Jhon Victor: Mãe fala pela primeira vez desde a morte da criança em Canaã dos Carajás

Foto: Nilva Vilanova / Acervo Pessoal

Por alguns dias, a Nilva Vilanova foi questionada por usuários das sociais sobre seu paradeiro no momento em que seu filho, o pequeno Jhon Victor se afogava em uma represa na Chácara Brilho Celeste, localizada na VS-52, Zona Rural de Canaã dos Carajás. O que muita gente não sabia, era que, a mulher de 31 anos, estava há vários quilômetros dali, em seu trabalho. No dia nove de julho a rotina da auxiliar de cozinha não seria mais a mesma, uma ligação da Ana, a filha mais velha, avisando que o caçula da família estava desaparecido, deixou Nilva em desespero.

“Eu sou mãe solteira e saio todos os dias muito cedo para poder trabalhar, eles ficavam dormindo e minha mãe vinha para minha casa para cuidar deles. Eu sempre falava com eles no horário do almoço, mas nesse dia não deu certo. Era umas sete e pouco da noite quando a Ana me ligou dizendo que ele não tinha voltado para casa ainda, eu já achei estranho, porque todos os dias ele saia para brincar com os amiguinhos da rua mas sempre voltava antes de escurecer e só nesse dia que ele não voltou. Eu já comecei a ligar para todo mundo mas ninguém sabia dele, eu já sabia que tinha alguma coisa errada”.

Foto: Nilva Vilanova / Acervo Pessoal

Daquele dia em diante, sua rotina não seria mais a mesma. Ao chegar em casa e sair em busca de notícias do filho de apenas oito anos, Nilva soube de uma represa, um dos amigos de Jhon disse que um grupo de crianças estava tomando banho e que ao decidir encerrar a brincadeira, jhon preferiu permanecer no local.

“Mas era mentira, meu filho não quis ficar no local, meu filho era meio medroso e enquanto eles banhavam, o meu menino começou a se afogar e foi deixado para morrer pelos próprios amiguinhos. Eu conversei com um dos melhores amigos dele e ele confirmou que todos viram o Jhon se afogando e que eles não sabiam o que fazer e foram embora. Eu não entendo como eles não pediram ajuda sendo que a maioria dessas crianças que estava com ele vivia dentro da minha casa, dormia aqui, comia aqui, eu os tratava como filhos e na hora em que o Jhon precisou deles, eles deixaram meu filho para trás, eu não entendo isso”.

Desenho realizado por Jhon ainda em vida – Foto: Silva Lopes

Mesmo sem notícias, Nilva ainda tinha esperanças de encontrar o filho com vida.

“Eu achava que ia achar ele no meio do mato, com frio e com medo, mas não, eu vi meu filho sendo retirado do fundo da represa, nessa hora eu perdi meu chão. Fiz de tudo para trazer ele de volta, fiz respiração boca a boca, apertei o peito dele, por um momento eu até cheguei a sentir o pulso dele voltando, mas não, meu filho tinha me deixado e eu nunca imaginei sentir uma dor tão grande na minha vida”.

Jhon Victor era estudante do quarto ano do ensino fundamental, no dia de sua morte, ele havia saído para brincar com um grupo de seis amigos onde ele era o mais novo. A certidão de óbito apontou asfixia mecânica como a causa da morte. Nilva conta que não foi fácil voltar para casa depois do ocorrido, tampouco rever todos os pertences do filho, ela contou ainda que, mesmo inconformada, se inspira nele para não guardar mágoas. “Eu sei que são todos crianças, mas eu juro que não entendo o motivo de nenhum deles ter pedido ajuda para salvar o meu menino, não custava nada. Nesse mesmo grupo de meninos tinha um de 13 anos e nessa idade a pessoa já sabe um pouco das coisas, sabe pedir ajuda. Agora tudo aqui em casa é só lembrança, eu olho o caderno, os brinquedos, os desenhos, as fotos e só sei sentir saudade. Meu filho era muito bonzinho, carinhoso e sei que ele não ia querer que eu guardasse mágoa de ninguém, eu juro que estou tentando seguir minha vida, não é fácil, mas eu me apego em sua bondade para seguir e perdoar”.
Jhon iria completar nove anos no dia 15 de julho.

Relembre o caso

Criança morre afogada em represa na Zona Rural de Canaã dos Carajás

O estudante Jhon Victor estava desaparecido desde o início da tarde de ontem, 9, quando, segundo Elisvani Morais, vizinho da família, saiu da casa da avó para pegar uma pipa na mesma região em que morava, na chácara Brilho Celeste, Zona Rural de Canaã dos Carajás. “Ele era um menino muito alegre, costumava brincar com meu sobrinho. A gente sabe que ele saiu logo depois do almoço e não voltou mais para casa”, disse.
A noite já se aproximava quando, desesperada, a mãe da criança, identificada como Nilva, começou a pedir a ajuda de amigos e vizinhos para tentar localizar o filho e apenas oito anos de idade.

A conversar com alguns amigos do estudante, a família e um grupo de pessoas que ajudava nas buscas, chegou até uma represa localizada em uma área particular, onde três amigos disseram ter visto Jhon pela última vez.

Já era por volta das 21h quando Daniel Silva mergulhou na represa de aproximadamente nove metros de profundidade e localizou o corpo de Jhon Victor que estava submerso.

“Os amigos dele disseram que eles estavam tomando banho aqui na represa e quando chamaram para ir embora, o Jhon disse que ia ficar um pouco mais. Mas ele acabou se afogando. A gente saiu procurando pelo mato e eu mergulhei e acabei achando ele lá no fundo”, detalhou o vaqueiro.

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