Para 2018, mais ‘Marias Alices’ e menos ‘Bolsonaros’ em Canaã

Agora que o ano virou, vem o desabafo. O ano de 2017 teve lá os seus altos e baixos e a esmagadora maioria da população passou ilesa por tudo isso. Pouca gente, no entanto, superou a morte do Carl, em The Walking Dead, a morte de Viserion, dragão de Daenerys em GOT, e a 25ª temporada de Malhação. Eu, por exemplo, não superei nada. Nem mesmo a saída de Bolsonaro do ostracismo para os cenários de segundo turno na corrida eleitoral pra presidência. Tenho lá as minhas dificuldades em admitir certas derrotas, ainda mais quando a derrota é para a pura e simples ignorância do cidadão. Eu não superei.

Eu não superei certos traumas de 2017. Mas quem superou? Alguém superou, por acaso, o atentado ao show da Ariana ou o atentado ao Mali? Eu não. Fico ainda ouvindo a Ariana cantar e meu coração dói ao lembrar de tantas e tantas vidas que se foram pelo ódio que brota da terra e dos poros dessa gente louca. Dessa gente que acredita que matar é a única solução. Precisamos seguir em frente, eu sei, mas ainda não superei tanto ódio em 2017. Se 2016 foi o ano da economia ruim e da podridão na política, 2017 foi o ano em que o ódio criou raízes mais profundas no país. O Brasil, outrora país da saudade, do samba e de Copacabana, agora odeia e todo mundo quer ter uma Ak-47 pra chamar de sua. A onda agora é condenar à forca qualquer esquerdista e chamar o extermínio de única solução viável para uma mudança palpável.

A ignorância venceu a paz? A guerra bate à porta? A “esquerda” fracassou, admito, mas a direita é, e sempre será, a pior opção. Para onde ir? Como superar 2017 e o desejo de matar de um capitão Jair? Como superar as insuficiências presidenciais e congressistas do bizarro mito brasileiro? Como vencer a face mais obscura da inocuidade e inércia parlamentar? 2017 trouxe dúvidas confusas e tristes: por que o discurso simplista e retrógrado ganha mais fácil o coração dos ignorantes? Talvez a pergunta feita já venha com a própria resposta, mas o caso é que superar cada idiossincrasia de 2017 não vai ser tarefa das mais fáceis.

Os garotinhos mostraram o seu ódio a Pablo Vittar. Falam de um desafino aqui e outro ali para esconder na verdade a sua intolerância ao que é novo, ao que é libertador. Os ouvidos musicais destes seres só se incomodam com as incautas notas da cantora pop e se fecham para as insuficiências vocais de outros enlatados da indústria – como a maioria dos cantores do mundo sertanejo. Não adianta tentar esconder a intolerância com o falso pretexto de ouvidos apurados. Todos sabem o que você odeia de fato.

O insuperável do ano que passou é também tudo o que há de irreparável. O passado não se muda, é claro, e o que dá pra fazer é lamentar o fato de que regredimos algumas décadas em 2017. Os Bolsonaros deste mundo vão vencendo a guerra contra o que é novo, contra o futuro… Há de se lamentar o fato incontestável de que não há muito o que se fazer para resolver tamanha barbárie fascista que se desenha no amanhã.

Ah, o amanhã… 2017 deixou rastros tristes para trás. Mas 2018 chegou e toda a esperança se renova em tudo o que ainda há de vir. O ano que passou não volta – ainda bem – mas também deixou coisas novas. O ano de 2017 trouxe Maria Alice… Uma jovem e sonhadora canaense. Maria, de 12 anos, muda o mundo do seu jeito, com a leitura, com a poesia, com a arte…

Em 2018, menos Bolsonaros e mais Marias Alices em todo o mundo. A gente precisa voltar a sonhar com dias melhores, temos de enxergar, nos pequenos gestos de amor, a esperança em dias que se renovam. Maria Alice me ensinou que dá pra mudar o mundo se cada um fizer a sua parte…

E alguém parece disposto agora a fazer a sua parte?

E se a gente trocasse o outdoor do Bolsonaro por um da Maria Alice? Já pensou que lindo? Canaã daria mais valor à educação e ao amor do que ao ódio.

Arrancar a podridão do ódio pela raiz é tarefa para 2018. Cabe a cada canaense a construção de uma terra de paz, um lugar mais justo e mais bonito pra se viver… A mudança de algumas prioridades pode ser o começo de um tempo melhor para todos.

Para 2018, menos Bolsonaros e mais Marias Alices. O mundo será melhor.

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