Estudo diz que Vale foi empresa mais controversa de 2016

Segundo a consultoria da área ambiental Sitawi Finanças do Bem, mineradora registrou mais controvérsias no ano passado, ocupando a primeira colocação da lista das 100 empresas brasileiras mais controversas.

A Vale ocupou o 1º lugar do ranking das 100 empresas brasileiras mais controversas no ano passado, devido ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco em Mariana (MG), que aconteceu em 2015. O relatório Controvérsias ASG 2016, feito pela consultoria Sitawi Finanças do Bem, que atua na área ambiental, registrou 272 controvérsias, das quais mais da metade foram relacionadas às cinco empresas listadas nas primeiras posições.

O documento diz que controvérsias são fatos que podem impactar ou já impactaram as companhias em pelo menos uma das três dimensões: ambiental, social ou de governança.

Os desdobramentos do rompimento da barragem da Samarco, controlada em conjunto com a anglo-australiana BHP Billiton, colocaram a Vale como a empresa que mais registrou controvérsias no ano, representando 26,4% do total contra 8,9% em 2015 e 3,7% em 2014. Entre as categorias das controvérsias, os impactos da Vale estão associados à comunidade e meio ambiente.

Depois da tragédia, iniciou-se uma sequência de desdobramentos negativos para a mineradora, como investigações criminais, indiciamento de profissionais, multas administrativas, suspensão de operações, punições por más condições de trabalho e danos às comunidades na região.

Investidores da companhia tanto no Brasil como no exterior também demandaram reparação pelas perdas oriundas da desvalorização de seus investimentos, utilizando como justificativa as decisões finais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal, que indiciou a companhia.

“A Vale acabou liderando [a lista] não só pela sequência e quantidade de fatos, mas também pela severidade, ou seja, pelo grau de impacto desses desdobramentos sobre o resultado e operações da empresa”, afirmou Guilherme Teixeira, consultor da Sitawi. “Parou atividades, perdeu receita, teve que fazer acordo com trabalhadores que ficaram sem trabalhar”, ressaltou.

Procurada pelo Valor, a Vale afirmou que considera “irresponsável” a divulgação de um levantamento com base apenas em notícias aleatórias, sem que a empresa acusada tenha oportunidade de apresentar fatos e dados contestando as conclusões.

A empresa disse que sempre apoiou a Samarco em todas as ações emergenciais e de remediação e recuperação das áreas e comunidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.

Em março de 2016, Vale, BHP Billiton e Samarco celebraram um acordo com a União Federal, os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e autoridades governamentais para desenvolver e implementar programas de reparação e compensação socioeconômicos e socioambientais, constituindo a Fundação Renova, que passou a ser responsável por executar os mais de 40 programas de reparação, restauração e reconstrução das regiões impactadas pelo grave acidente ocorrido na região de Mariana.

Desde a data do rompimento da barragem de Fundão, a Samarco e seus acionistas desembolsaram o total de R$ 2 bilhões (US$ 614 milhões) para cumprimento das obrigações previstas neste acordo.

Cinco empresas mais controversas, segundo o ranking

No segundo lugar da lista de empresas mais controversas da Sitawi Finanças do Bem está a Petrobras, que apareceu em primeiro lugar em 2015 e 2014, devido ao esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava-Jato. A empresa tem 27 das controvérsias registradas, ou 9,9% do total, sendo 20 delas associadas ao tema de governança.

Na terceira posição está o frigorífico JBS, que manteve a mesma posição de 2015, com controvérsias relacionadas principalmente à questão dos trabalhadores, e na quarta colocação consta a holding do setor elétrico Eletrobras, com 14 do total de controvérsias registradas no ano, ou 5,1%, associadas principalmente a duas obras: da Usina Angra 3, pelo suposto desvio de recursos, e da Usina de Belo Monte, sobre a qual o suposto cartel formado pelas empreiteiras pode prejudicar a Eletrobras e outras empresas que formam o consórcio.

Já em quinto lugar está a operadora Oi, que bateu seu próprio recorde nos últimos três anos. A operadora registrou 14 do total de controvérsias, ou 5,1% ante 3,8% em 2014. Com informações do Valor Econômico.

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