Parauapebas 28 anos, momento de reflexão

Coluna do Branco

Ano passado, em meu primeiro ano residindo em Parauapebas, me atrevi a escrever artigo que foi tema de minhas colunas impressa e virtual, quando no referido texto, refletir e provoquei sobre a situação da cidade. Na ocasião, cobrei mais amor e carinho para com a “capital do minério”, haja vista, a percepção de falta de sentimento de pertencimento, algo recorrente, infelizmente em cidades com perfil migratório, como Parauapebas.

Um ano depois, muita coisa mudou. Inclusive a minha percepção analítica com relação ao referido município. Em 2015, nos seus 27 anos de emancipação, o cenário econômico já estava em preocupante nível, mas, me reservei de tecer críticas sobre o mesmo. Resolvi seguir outra linha, propondo mudanças de comportamento dos que aqui vivem ou estão de passagem. Conforme dito, a economia da cidade, altamente dependente do minério de ferro, retirado das serras de Carajás, proporcionou queda na arrecadação, demissões, redução da capacidade de empregar e isso se reflete no estado de letargia em que Parauapebas se encontra.

Para piorar o cenário, relatórios e prognósticos econômicos reforçam o futuro de escassez (tema que abordei recentemente em meus espaços de debate) que Parauapebas caminha e chegará a um futuro tenebroso, não muito distante. Por reforçar esse cenário já fui acusado por muitos de pessimista e ser contra à cidade. Muito pelo contrário, adotei Parauapebas como o “meu canto”, lugar de morada fixa para criar meus futuros filhos. O alerta ou a propagação de informações fazem parte de um processo analítico pautado em informações reais, projeções construídas e sustentadas por dados de especialistas. Alerto justamente para que se possa – de fato – debater a questão com toda a sociedade civil organizada e a classe política.

Parauapebas estará completando em dois anos, 30 anos, três décadas de existência como município. Nesse período viveu a gangorra da escassez e pujança. Mesmo nos períodos áureos, quando o seu principal produto, o minério de ferro, atingia patamares estratosféricos de cotação no mercado internacional, o que foi feito pela cidade? O volume gigantesco de recursos financeiros que inundavam os cofres da prefeitura foi utilizado em prol do melhoramento da qualidade de vida dos munícipes? O que foi feito para além de infraestrutura urbana mínima, ainda centralizada nos redutos centrais da cidade?

A tendência é que a cotação do minério de ferro oscile de forma sazonal. Dificilmente chegará – pelo menos em curto prazo – acima dos 110 dólares. Ou seja, a tendência é a confirmação de uma nova era, bem diferente dos estratosféricos volumes de royalties que eram pagos ao poder público municipal em um passado recente. Por isso, o debate e criação de alternativas econômicas se fazem necessário o mais rápido possível.  Em apenas 28 anos, os prognósticos de exaustão das minas de ferro que estão em operação é preocupante.

Em respeito ao aniversário da cidade, não pretendo criar com este texto cenário pessimista, desolador, mas apenas reafirmar que a dádiva natural de abundância de recursos naturais que a região de Carajás recebeu, tem que ser o instrumento de mudanças, de desenvolvimento, de qualidade de vida, de prosperidade, não para um pequeno grupo, mas ao maior número de munícipes possíveis.

Que cada parauapebense, fixo ou transitório, possa refletir nesta data, bem próxima de três décadas de existência. O que nos espera no futuro? Ou como mudar o futuro tenebroso?

 

Escrito por:

Prof. Henrique BRANCO

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