O fim cada vez mais perto

Coluna do Branco

Na semana passada, mantendo o seu processo de divulgação de suas atividades, através de balanços contábeis, a Vale tornou público o fechamento do seu primeiro trimestre de 2016. No documento, a mineradora divulgou as suas atividades pelo Brasil. Novamente foi batido novo recorde de produção, agora chegando ao impressionante patamar de 77,5 milhões de toneladas. Deste montante, 32,3 milhões de toneladas saíram das minas de Carajás, aumento de 17% no comparativo de 2015.

Frente ao baixo preço do minério de ferro no mercado internacional, a Vale aumentou a sua produção para amenizar os impactos e mantendo os níveis satisfatórios de lucro. Conforme abordei em um artigo recente, a mineradora havia divulgado que nas minas N4 e N5, as de maior produção da Vale, o tempo de lavra está em 34 anos. Mas com os sucessivos aumentos de produção, a previsão, segundo os dados da própria mineradora, cai para apenas 15 anos. Exaurindo as minas N4 e N5, ainda há exploração nas N1, N2, N3, N6, N7, N8 e N9, mas dependendo ainda de liberações ambientais e diversos processos burocráticos, chegam ao máximo 12 anos.

No plano de investimentos da Vale, está o aumento sucessivo de produção. A mineradora sabe que só assim, conseguirá manter os níveis de rentabilidade de caixa e chegar à liderança na produção mundial de minério de ferro. Essa lógica é perversa e encaminha Parauapebas para um futuro perverso cada vez mais próximo.

No próximo dia 10, Parauapebas estará completando 28 anos de emancipação. No fim dos anos 80, precisamente em 1988, quando se desmembrou político-administrativamente de Marabá, seus primeiros líderes, os que lutavam pela autonomia, deslumbravam com o futuro promissor, sustentando com os primeiros estudos, ainda sem muito aprofundamento técnico, de que teria exploração mineral para quatro séculos, o que possibilitaria a Parauapebas viver com milionários repasses por várias gerações, abolindo de sua realidade qualquer crise de cunho econômico.

O minério poderá acabar antes mesmo da classe política e estudiosos conseguirem colocar em prática ações que visem a mudança na matriz econômica do município. A era mineral poderá ter surgido rapidamente, de a mesma forma ir embora, sem ao menos ter deixado um legado, um processo constituído de desenvolvimento.

Conforme escrevi diversas vezes sobre a famosa teoria da maldição dos recursos naturais, Parauapebas poderá ser mais um triste exemplo, com a diferença de ter sido o de maior rapidez e desperdício, tamanha era a capacidade de transformação. Pobre cidade rica.

 

Prof. Henrique BRANCO – Licenciado em geografia com pós-graduação a nível de especialização em Geografia da Amazônia – Sociedade e gestão de recursos naturais. Professor que atua nas redes de ensino público e particular de Parauapebas. Assina diariamente o “Blog do Branco”www.henriquembranco.blogspot.com além de jornal e sites da referida cidade.

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