Depreciação dos Engenheiros no Mercado de Trabalho

É de conhecimento de todos que inúmeras empresas de engenharia na hora de contratar seus profissionais, tem optado por engenheiros recém-formados.

O motivo para essa escolha está na redução de custos com o profissional na tentativa de melhorar as margens de lucros em seus projetos.

Essa escolha, no ponto de vista econômico, deve ser melhor avaliada.

Hoje empresas de grande porte estão contratando engenheiros Trainee com salários muito baixos.

E quando os engenheiros adquirem experiência e deixam de ser Trainee, eles são demitidos e uma nova leva de recém-formados são contratados.

Essas empresas estão utilizando uma brecha na legislação, para contratar profissionais com salários mais baixos que o piso mínimo exigido pelo Crea, sem se comprometerem com a continuidade dos serviços dos mesmos.

Utilizam a desculpa de contribuir com o desenvolvimento profissional, mas o que querem mesmo é reduzir custos e explorarem a mão de obra barata .

Este tipo de atitude tem suas consequências. Um bom exemplo disto foi divulgado pelo Procon.

A construtoras na construção civil são recordista em queixas por qualidade de seus imóveis construídos.

E com certeza isso se deve ao fato de utilizarem o programa de Trainee em seus projetos. Todo ano as constritoras substitui seus engenheiros por uma leva de recém-formados sem experiência, demitindo os que teoricamente deveriam ser efetivados após adquirirem experiência, para reduzirem seus custos.

E enquanto isso a qualidade dos imóveis só piora.

A preferência por profissionais recém-formados para atuarem em determinados projetos cujas complexidades demandam conhecimentos e vivências comprovadas, podem acarretar em prejuízos para o projeto, para as empresas e para os clientes por falta de conhecimento dos engenheiros recém-formado.

Esse fato já é vivenciado em obras públicas por todo o brasil e vem sendo foco de olhares mais atentos por parte de alguns órgãos públicos.

Hoje o Ministério Público de Minas Gerais já está exigindo que os engenheiros residentes de seus projetos possuam a CAT de projetos semelhantes aos que estão sendo realizados.

Independentemente de quem seja o responsável pela empresa ou pela a obra pois a solicitação da CAT é para o engenheiro residente.

Algumas mineradoras como a Serra Grande em Crixás-GO, não permite que engenheiros com menos de 8 anos de formatura executem qualquer um de seus projetos por mais simples que sejam dentro de seus estabelecimentos.

Aqui no Pará? ??????

Não tenho nada contra a contratação de engenheiros recém-formados, muito pelo contrário, até apoio a contratação dos mesmos desde que seja com o intuito de melhorar suas capacidades técnicas , não queimar etapas e não de tirar proveito de seus baixos salários.

E temos muito que analisar também sobre a situação econômica do país.

Segundo o Crea, hoje no brasil existem 600 mil engenheiros.

Uma pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). Apenas em 2014 tivemos 55 mil engenheiros desempregados.

Hoje esse número deve passar dos 120 mil engenheiros desempregados, ou seja, aproximadamente 20% dos engenheiros de nosso país estão desempregados.

Enquanto esse senário segue sem previsão para melhoras, as faculdades em nosso país continuam formando mais de 40 mil novos engenheiros por ano.

Com isso serão 40 mil engenheiros veteranos substituídos por recém-formados todos os anos.

Não sou especialista em mercado de trabalho, mas prevejo que se essa situação continuar, logo os salários profissionais para os engenheiros sofreram uma redução drástica.

Essa situação só poderá ser alterada, caso os responsáveis por contratações do setor privado e público passarem a exigir engenheiros com capacidade técnica comprovada para executar serviços com determinada complexidade.

Hoje essa exigência é apenas para poder participar da concorrência e não se estende aos engenheiros residentes que são os únicos responsáveis direto por realizar a obra.

Alguns parâmetros deveriam ser estabelecidos para definir o grau de complexidade dos projetos e as características mínimas necessárias dos profissionais para poderem ser responsáveis por esses projetos.

Mas enquanto isso não acontece o que nos resta é sentar e observar nossas carreiras serem degradadas.

A função do Crea hoje no mercado de trabalho tem que ser repensada e não ficar em uma posição de espectador e um órgão meramente arrecadador.

Nossas carreiras e profissões está ligada diretamente ao comprometimento de nossa entidade de classe.

Nesses tempos sombrios, de falta de investidores, de poucas obras e muita politicagem, ninguém quer ser pego de surpresa com o que vai acontecer no dia seguinte.

A contratação de mão-de-obra barata é a solução que os empresários encontram para evitar o fechamento das portas, afinal, empresa de engenharia sem engenheiro “não existe”.

Os engenheiros mais experientes só tem uma alternativa: parar de abrir empresa para trabalhar como PJ, se associarem a outros “cobras da engenharia”, cada um na sua especialidade, e partirem para a concorrência nos projetos e obras. Afinal, o sol nasceu para todos….e a união faz a força.

A contratação de recém-formados não é o principal problema.

Reunir um grupo de profissionais para abrir uma empresa também não vai solucionar o problema exposto.

A desvalorização do profissional de engenharia a curto prazo é o quadro que estamos vivenciando hoje.

O que falta é uma regulamentação que valorize e de prioridade aos profissionais com mais experiência, estabelecendo exigências de comprovação de capacidade técnica mínimas de acordo com a complexidade do projeto.

Essas exigências devem ser obrigatórias para os responsáveis diretos pela execução, e não só aos editais para participar de concorrências como ocorre hoje no país.

É COMPANHEIROS A LUTA CONTINUA.

WJN

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