Belo Monte não beneficiará o Pará e será mantida tradição de “deixar o estado no escuro”

Pará não tem energia em todo o seu território, mas garante energia para o Sul. E Ainda paga a conta mais cara do Brasil

É um absurdo! Como sempre, o Pará é usado apenas para enriquecer e servir o Brasil. O linhão de Belo Monte até Rezende (RJ) usará o sistema de corrente contínua, o que não permitirá que a energia seja aproveitada pelos estados por onde passará. Ou seja, Belo Monte favorecerá apenas os estados do Sul, impedindo que até o Pará, onde a usina está instalada, receba a energia.

Com mais de dois mil quilômetros, a linha de transmissão partirá da subestação Xingu, localizada em Anapu (PA), e chegará à subestação Estreito, localizada no Triângulo Mineiro, na cidade de Ibiraci (MG). Com isso, a energia gerada pela usina será escoada para o Sistema Interligado Nacional, chegando aos grandes centros consumidores.

O que a Secretaria de Desenvolvimento econômico, Mineração e Energia (Sedeme-Pa) e o secretário de estado de desenvolvimento econômico, mineração e energia, Adnan Demachki, têm a dizer sobre isso?! Até quando o Pará enriquecerá o Sul e manterá a tradição do provincianismo paraense?!

Provincianismo sim, pois, enquanto exporta-se energia para o Sul, no Marajó e Calha Norte, ainda tem de se utilizar óleo diesel para abastecer as velhas e onerosas termelétricas. Apenas agora, 2016, as promessas políticas vão sair do papel e Marajó e Calha Norte serão incluídos no Sistema Interligado Nacional. Mais de 227 mil pessoas, de 10 municípios paraenses, esperaram mais de quatro décadas, ou seja, muito mais que deviam pelos 850 quilômetros de linhão. Por quatro décadas energia elétrica foi tratada pela mídia local e pelos nossos governantes como “um sonho” desse povo e não como um direito básico que não lhes estava sendo garantido pelo Estado.

Segundo o presidente da Celpa, Nonato Castro, a travessia do cabo subaquático a partir de Vila do Conde, em Barcarena, até os municípios de Ponta de Pedras, Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari, no Marajó, deve ocorrer em meados de fevereiro. Após a conclusão da etapa no arquipélago, será a vez de Faro, Terra Santa, Alenquer, Curuá e Prainha, no Oeste do Pará. Foi extremamente desnecessário esses lugares ficarem tanto tempo tendo de poluir o meio ambiente com a queima de óleo diesel e sem poder receber instalação de novas empresas.

Em meio a todo esse cenário de exclusão e falta de vontade política, resta ao paraense continuar bancando a conta do Sul. E pagando caro, haja vista que o Pará paga a conta de energia elétrica mais cara do Brasil.

Por Luiz Cláudio Fernandes

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