Professora agredida por aluno: Nada foi feito e a classe educadora perdeu

Sobre o caso de uma professora que foi agredida por um aluno fora da Escola Municipal Sandra Maria, situada no Bairro Novo Brasil em Parauapebas, já se passando quase 10 dias, um professor da rede pública de ensino decidiu desabafar e fazer uma reflexão em seu perfil oficial no Facebook, leia abaixo e assista o vídeo:

PROFESSOR: DESUNIÃO E FRAQUEZA!

A professora de português, Luciana, da escola municipal SANDRA MARIA, localizada no bairro Novo Brasil, em Paruapebas/PA, discutiu com um aluno de 14 anos, em sala de aula. Depois do fato, o aluno a esperou de tocaia fora da escola e a espancou!

Por ser menor de idade, a lei não permite a divulgação do nome do aluno, nem a imagem dele. Vamos chamá-lo de Zé!

Quando a professora entrou na sala, havia um cesto de lixo em cima da porta, preparado para cair na cabeça dela. Luciana conseguiu se desviar e não foi atingida pelo cesto.

Quando criança, eu e meus colegas de sala fazíamos artes bem piores. Não usávamos cesto de lixo, mas sacos com merda de boi. Claro, naquela época, a punição era apanhar na escola; da professora, da diretora e, ao chegar a casa, da mãe e do pai. E éramos felizes. Sabíamos que merecíamos apanhar. Não tinha esta de bullying. Qualquer desavença era resolvida no tapa. No outro dia, ríamos de tudo e continuávamos amigos. E aprendíamos muito e tínhamos respeito pelos professores, pelos colegas!

Luciana perguntou quem havia feito aquela peraltice e uma aluna acusou o Zé. Zé é um aluno conhecido na escola. Nos três anos anteriores, furou a mão de uma professora com lápis, agrediu alunas; com 14 anos, é visto bêbado, e, segundo depoimento de outros alunos e professores, o pai é alcoólatra. Ou seja, é um aluno que precisa de orientação e ajuda.

A professora Luciana começou a discutir com Zé. Trocaram impropérios e o coordenador foi chamado para retirar Zé da sala de aula. Zé saiu, aguardou a professora do lado de fora da escola. Luciana tem um sério problema na bexiga, está em tratamento. Ao sair da escola com sua moto FAN, Luciana teve que reduzir a velocidade perto de umas valetas. Então, foi surpreendida por Zé, que lhe deu uma “voadora”, acertando-lhe, justamente, a bexiga doente. Zé ameaçou Luciana de morte. Caída, Luciana tentou se defender com o capacete. Segundo ela, havia um professor e o vigia da escola assistindo a tudo. Nenhum deles, sequer, correu na direção dela para ajudá-la.

A mídia parauapebense não deu relevância ao acontecido. Pouco se noticiou a respeito. Afinal, é apenas uma professorinha qualquer, não é mesmo? Noticiar para quê? A secretaria de educação ficou de apurar os fatos. A professora foi transferida da escola. E o Zé? O Zé continua na escola! É o rei do pedaço, temido por todos, faz o que quer!

Dois dias depois, foi divulgado nas redes sociais um convite para que os professores (mais de 3 mil na rede pública) fossem participar de uma manifestação de apoio à professora agredida. Sabe quantos apareceram? Dois representantes do SINTEPP, um do COMDEPA, eu e mais meia dúzia de gatos pingados. Onde estavam o secretário de educação do município e o prefeito? Ambos professores de carreira, tanto quanto duas vereadoras da cidade, Ciza e Eliene? O que eles fizeram? E os outros vereadores? Nada! Foi feito um B.O na delegacia. Que providências foram tomadas? Como um aluno com um histórico de atitudes agressivas continua na escola? O que foi feito para punir as agressões anteriores? E o artigo 331 do Código Penal? “Art. 331 – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.”

O que dizer da professora? Imaginem como ela está se sentindo! Alguns chegaram a culpá-la pelo acontecido. E mesmo que ela tenha culpa, como disse meu amigo Luiz Vieira num vídeo, há que se respeitar o professor. Foi-se o tempo… Quer dizer que se o filho discute com a mãe, vai ficar de tocaia e agredi-la?

Eu estou triste e indignado! Revoltado! Numa conversa com um amigo, empresário, eu falei que o salário do professor, ofertado em concurso público, é de, em média, R$2.500,00 por mês. No entanto, outros concursos como os da Caixa Econômica Federal, tribunais de justiça, oferecem R$8.000,00 para candidatos a técnicos, com ensino médio! A resposta dele foi: “veja quantos professores tem no Brasil e quantos técnicos existem!” Ou seja, para ele, tem professores demais, e não dá para pagar muito para eles! Meu DEUS!!

Quando foi que aqui no Pará uma greve de professores surtiu algum efeito? A classe foi massacrada e ridicularizada pelo Jatene! Quantos estados brasileiros não cumprem o piso salarial do magistério? E o que os professores fazemos? Nada! Ficamos em casa, vamos passear no período de greve!

A classe é fraca, desunida, despreparada! Muitos mal sabem escrever o português padrão! Digo isto, pois sou professor há 30 anos! Estou calejado. A professora agredida está decepcionada, com medo, desprotegida! E eu também!

Colegas professores. Deem um basta nisto! Eu fui agredido e revidei. Busquem na mídia (RBATV), ano de 2015 em Marabá. Eu lecionava na escola Anísio Teixeira! Fui notícia no estado e no país. Fui à luta, sem apoio da direção da escola, dos colegas, do SINTEPP. Lutei sozinho. Dei murros e fui esmurrado. E venci! Venci na briga corporal. Mas a classe foi derrotada!

A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo, disse Madiba. Do que adianta uma arma tão poderosa assim nas mãos de incompetentes, de egoístas, de educadores que não se unem para conquistar seus objetivos?

Desculpem-me se ofendi alguém. Não é esta a intenção!

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