Parauapebas e a cultura do fogo

Aproveito o espaço desta coluna para retomar o debate sobre a questão ambiental em Parauapebas, especificamente sobre queimadas, que no período do início do verão amazônico, tomam conta do cotidiano da “capital do minério”, infelizmente. Portanto, vamos entender a relação do homem com o fogo…

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. A partir desta conquista o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando a natureza em seu benefício. O fogo serviu como proteção aos primeiros hominídeos, afastando os predadores. No inverno e em épocas gélidas, o fogo protegeu o ser humano do frio mortal. O homem pré-histórico também aprendeu a cozinhar os alimentos em fogueiras, tornando-os mais saborosos e saudáveis, pois o calor matava muitas bactérias existentes na carne.

O fogo também foi o maior responsável pela sobrevivência do ser humano e pelo grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos períodos da história, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva. Na antiguidade o fogo era visto como uma das partes fundamentais que formariam a matéria. Na Idade Média, os alquimistas acreditavam que o fogo tinha propriedades de transformação da matéria alterando determinadas propriedades químicas das substâncias, como a transformação de um minério sem valor em ouro.

Assim o fogo foi criado e se desenvolveu acompanhando a própria evolução humana. Resolvi abordar tal questão pelo que acompanho “in loco” em Parauapebas. Primeiramente, se faz necessário diferenciar queimada e incêndio. O primeiro é uma conhecida prática agrícola que tem como objetivos: controlar pragas, limpezas de áreas para plantio e renovação de pastagens. Assim sendo, o fogo é muito utilizado em nossa agricultura. Já incêndios são de proporções maiores, atingindo grandes áreas, sem planejamento, muitos considerados criminosos.

A questão central deste texto é debater como são feitos especificamente, no caso, das queimadas. Conforme descrito são necessárias para as atividades do campo, mas quase sempre, são descontrolados, ocasionando sérios problemas ambientais em seu entorno. A retirada da cobertura vegetal ocasiona aumento da temperatura, refletindo em períodos de estiagem mais longos e secos, conforme começamos a viver e que se prolongará pelos próximos meses, repetindo-se ano após ano.

Basta uma volta rápida por algumas ruas, quadras, próximo ao centro que se percebe diversas áreas que já foram queimadas, com a retirada completa da cobertura vegetal, além do impacto no solo, quase sempre o empobrecendo. O processo ainda está no começo (pois o período de chuvas terminou recentemente), mas logo tomará proporções bem maiores, especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro. A situação fica tão crítica que em determinados dias a cidade inteira fica tomada por uma grande nuvem de fumaça, limitando a visibilidade, piorando o ar que já é bastante poluído. Estamos criando um clima insuportável na região. A cada ano com temperaturas mais altas, menor umidade e diminuição das áreas verdes. Até quando a cultura do fogo vai ser predominante na região, especificamente em Parauapebas?

Por.

Prof. Henrique Branco – Licenciado em geografia com pós-graduação a nível de especialização em Geografia da Amazônia – Sociedade e gestão de recursos naturais. Professor que atua nas redes de ensino público e particular de Parauapebas.

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