DESCASO NO PARÁ: Região que mais produz energia no Brasil não tem força política para asfaltar BR

No inverno, trafegar pela BR-422, de Novo Repartimento até Tucuruí, é um inferno. Mas faça chuva, faça sol, não sai asfalto. Pode esquecer. E assim Novo Repartimento entrou pelo segundo mês em que mais chove no ano atolada na falta de acessibilidade da BR vizinha à região do país que mais produz energia genuinamente brasileira.
Sim, a BR-422 é um monstrengo no entorno da Usina Hidrelétrica de Tucuruí alvo de muita politicagem, mas pouca narrativa de sucesso para contar. Abandonada nos invernos da vida, só é lembrada em promessas eleitoreiras que jamais se cumprem.

O inverno que vira inferno pela ausência de políticas públicas na área de infraestrutura deixa a circulação de moradores da região prejudicada.
Nestes primeiros seis dias de fevereiro, Novo Repartimento já recebeu 100 milímetros de chuva, de um total de 401 que, em média, caem no mês. Em março, mês em que chove mais, são esperados 428 milímetros. É nesse período que a população que circula pela BR-422, até Tucuruí, sente na pele o drama.

São passageiros reféns em vans atoladas; pacientes à míngua em ambulâncias travadas em meio à lama; caminhoneiros desesperançosos e desejando nunca mais voltar ao Pará; colonos que só querem vender a produção e fazer a roda da economia girar; cidadãos de bem que pagam impostos e que adoecem e até morrem no meio do caminho da amargura. Ninguém escapa na época dos temporais, e o prejuízo econômico do “paradão” da BR é imensamente maior que o investimento para ser asfaltada.

Dos 336 quilômetros da rodovia — que se estende de Novo Repartimento e Limoeiro do Ajuru, passando por Tucuruí e Cametá —, apenas 10,3 são pavimentados. Os 325,7 quilômetros que sobram tornam-se, nos tempos de chuva como agora, uma distância praticamente equivalente a uma volta ao mundo, a depender de onde se parte e aonde se vá.
No trecho específico de 73 quilômetros entre Repartimento e Tucuruí, que não passou por recuperação por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), os atoleiros deixam veículos enfileirados por léguas. O Dnit diz que não pode asfaltar o trecho por falta de licenciamento ambiental em projeto para execução da obra.

PRESSÃO POLÍTICA

Hoje completa aniversário de três anos que o deputado federal Hélio Leite foi para cima do Ministério dos Transportes atrás do asfaltamento do trecho da 422 entre Repartimento e Tucuruí. Para ele e os cidadãos que vivem na região, é um absurdo o fato de a região ser a maior geradora de energia elétrica genuinamente brasileira, sustentando parte do país, ainda assim receber esse tipo de “atenção”, expresso em omissão e descaso do poder público para com os moradores do entorno da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.

Em nota, o Dnit informou à época estar “concluindo o Projeto Executivo de Construção e Pavimentação da BR-422, no subtrecho entroncamento da BR-230 (Novo Repartimento) ao entroncamento da PA-156 (Tucurui), numa extensão de 63,7 quilômetros”. O departamento informou ainda encontrar-se “em andamento o processo de licença ambiental para iniciarmos o processo licitatório e posterior início dos serviços”.

Apesar dessa ladainha, entra ano e sai ano, a situação do trecho é o mesmo. E quem paga o pato é a população. (Redação Novo Pará | Imagens coletadas da portais de notícia da internet)

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