Professores alertam para danos na grade curricular com a retirada do ensino do Espanhol

A retirada da Língua Espanhola da grade curricular das escolas públicas gera polêmica entre professores e estudantes. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação não estabelecer exclusividade do ensino de inglês e defender o plurilinguismo (ensino de duas línguas estrangeiras no ensino médio); e da Lei 11.161, que tornava obrigatório o ensino de espanhol nas escolas da rede pública, a Reforma da Educação, anunciada em 2016, foi efetivada com uma Medida Provisória do Governo Federal, que prevê o fim da obrigatoriedade da língua espanhola. Somente o inglês continua obrigatório.

Como consequência, no Pará, o último concurso público realizado pela Secretaria de Educação, em 2015, já ofertava vagas para professores apenas de inglês.

Nesta segunda-feira (12.08), o deputado Dirceu Ten Caten trouxe o tema para discussão em uma Sessão Especial sobre a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola nas escolas paraenses, e revelou a preocupação de educadores da língua. Os principais pontos são a redução dos postos de trabalho e a dificuldade do ensino para alunos que irão prestar vestibular e ENEM. “Essa questão é importante por trazer problemas para a educação em nosso Estado, principalmente por não levar em consideração o interesse da sociedade, não houve debate para sustentar essa decisão”, destacou o deputado Dirceu Ten Caten.

“Temos uma grande maioria de estudantes que optam pelo espanhol nas provas, por termos mais familiaridade com essa língua”, avalia o parlamentar.

Para os professores, os danos para a educação são inúmeros e chegam a afetar diretamente toda a cadeia de ensino do Espanhol.

Ao todo, no Pará, há mais de mil profissionais formados e capacitados para o ensino da língua espanhola, número suficiente para atender toda a rede de ensino no Estado, na capital e no interior. “Em que momento se definiu que aprender espanhol não é importante? É a segunda língua com maior número de falantes nativos no mundo, falada em 20 países. O Brasil é cercado por países que falam espanhol”, destacou a professora Ana Paula Nascimento, do curso de Letras da UFPA em Abaetetuba.

“Continuamos na luta para defender não apenas a manutenção da língua no ensino médio, já que essa decisão intervém ainda em nível acadêmico e que se estende para níveis superiores”, garante a professora.

Estatística – Segundo levantamentos do Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 40% dos estudantes optam por fazer prova de espanhol, uma taxa que os educadores afirmam que não pode ser simplesmente ignorada. O número é considerado alto para um país onde sete em cada dez escolas não oferecem aula de língua espanhola.

A escolha do espanhol pode ser um sinal de que o inglês ensinado nas escolas não é suficiente para deixar os alunos seguros na hora de fazer uma prova. E por isso, parte dos alunos acaba optando por uma língua mais parecida com o português.

Mas essa proximidade pode criar uma ilusão de facilidade prejudicial aos estudantes. De acordo com dados da inFlux English School, cerca de 60% dos candidatos do Enem escolhem o espanhol como a segunda língua a ser avaliada pela proximidade da língua portuguesa com a espanhola, o que faz com que muitos acreditem, erroneamente, que será mais fácil acertar questões de espanhol do que de inglês. Entretanto, no resultado, a média de acerto é de apenas de 34%, inferior à porcentagem daqueles que escolhem o inglês (45%).

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