Um dia a gente vai rir disso, por enquanto a gente chora

O amor é um caso engraçado, sem nexo, retrocesso total. O amor é a junção das tralhas de pesca, do perfume da memória, dos segredos mais profundos. O amor castiga e é castigo. O amor é o implorar pra ficar, se jogar aos pés, fingir que não dá nunca mais e correr, correr atrás como se não houvesse amanhã…

Quando eu te esqueci era quinta feira, cinco e pouco da tarde…

E olha… Já são três dias e eu nunca me senti tão bem.

O amor é essa mistura de cacarecos do sentir, de conversas ao pé do ouvido, de embriaguezes sem porquê. O amor é bicho de sete cabeças e te esquecer foi o melhor que eu já fiz para mim. São três dias e eu nunca me senti tão bem.

Um dia a gente ainda vai rir de tudo isso.

Só que ainda não tem graça.

Não ainda, mas vai ter. Eu sei que vai, pois sempre tem. O amor é onda que vem, molha e se vai. Pega a gente no laço… O amor é sedutor, se esgueira diante dos nossos olhos e finge não querer nada, mas quer… Olha, olha… Já fisgou!

Já são três dias e três porres e eu nunca me senti melhor.

Os cigarros incontáveis a gente não conta e nem fala em textos assim.

Finge que eu não te liguei de madrugada! Finge que eu não esperei ouvir tua voz… Finge que esqueci a confusão que a gente armou. Finge que eu esqueci o vermelho do teu batom e o vermelho da tua fúria e o mundo girando quando devia ficar tudo parado.

Finge que as palavras erradas não saíram, tá? Finge que a nossa amizade ficou…

O amor é bicho difícil, é papo sorrateiro, é a rejeição das confidências de uma amizade, é a renúncia de ser feliz.

O amor é amargura, coisa dura, papel em branco, mãos calejadas.

O amor, eu já devia saber, não é pra todos, mas todos querem esse sofrer surreal um tantinho que for na alma.

Um dia a gente ainda vai rir disso…

Da canção do Roberto, do poema da Cecília, do balé do Moinho, do ciúme casual…

Oh, Deus dos ateus… O ciúme casual!

Gente, coisa louca é esse de sentir ciúme. É tipo frio na alma, caldo quente na garganta, sangue entre as mãos, faca entre os dentes… O ciúme é bicho estranho também. E o amor anda lado a lado com o ciúme… Sabia?

Já são três dias, meu amor, e eu estou melhor do que nunca.

Quando eu bebi não foi por você, tá? E quando eu chamei o teu nome foi por engano, porque a cachaça tem dessas coisas marotas de fazer a gente se confundir.

Eu te esqueci e foi mais fácil do que eu pensei.

Vai ver que todos esses sintomas de amor que eu senti, foram alarme falso, só pra enganar… Sim! O amor tem dessas de querer enganar também. E ele engana bem.

Finge que eu não lembro o vermelho da tua alma e que eu esqueci do teu batom. Finge que eu não sinto o perfume ainda aqui… Vai fingindo aí, que eu finjo de cá…

O amor quebrado tem dessas coisas de fingir, de mentir, de tentar esquecer… Com álcool, sem álcool, é tudo a mesma dor! Só muda a estação do rádio.

Eu te esqueci e esse texto nem é pra você, tá?

Esquece o vermelho, o hálito de uísque e cada selfie por aí…

Um dia, meu bem, a gente ainda vai rir tanto disso, mas por enquanto a gente chora.

Chora e tenta deixar por aí…

Muda a estação, Roberto, muda outra vez, tua voz… Apaguei as conversas e as fotos, tá? Só pra você saber que o que era a gente agora é só passado.

Eu te esqueci e nunca fui tão feliz.

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