Sozinho na multidão: A solidão na era dos conectados

Não tem jeito: o vai e vem de informações tem sido uma sedução inevitável. Estamos numa época de movimentação em que todo mundo quer estar por dentro dos principais assuntos, isso inclui até o modelo de sapato que a princesa Kate usou na última cerimônia da família real. Será que não podemos nos relacionar com o mundo de forma analógica? Há muitas maneiras de estarmos conectados ao mundo sem sofrer os danos da ansiedade causados pela era digital.

Está comprovada a felicidade daqueles que estão diminuindo o número de informações diárias. Não sou retrógrado, muito menos um Neandertal. Mas, quando a questão é viver bem, não adianta; a realidade ainda é inquestionável. Recentemente uma pesquisa mostrou que pessoas que vivem menos em redes sociais são mais felizes. Concordo. Acreditem, afinal nada substitui a convivência tangível.

Eu não estou em vários lugares, nem sou adepto de todos os apps, e não me fazem falta. Mantenho o telefone no modo silencioso quando preciso de um tempo para mim. Desativo as notificações de entrada do WhatsApp. Não deixo celular em cima da mesa quando estou no restaurante. Sei que o mundo tem girado numa rapidez frenética, ainda mais se tratando do momento político atual, em que a cada dia temos uma novidade bombástica; mas, ainda assim, podemos ditar o nosso próprio ritmo à nossa própria rotina. Eu ainda consigo impedir que o compasso desenfreado da vida me devore. Tenho muitos compromissos, porém não abro mão de um tempo para mim mesmo.

O viver simples é mais gostoso, e para isso é preciso se reinventar. Criar o próprio rito. Procurar velhos amigos que fazem nosso cotidiano mais alegre. Assuma o controle da sua vida e determine quem entra e quem sai. A vida é mais feliz quando nos afastamos de pessoas e coisas frívolas. É necessário preencher as lacunas com pessoas e afazeres. É preciso reconhecer quando a vida cobra seus limites. É preciso tomar cuidado para não se tornar escravo das vontades e padrões alheios. Abrir um caminho para o novo é abrir espaço para uma viagem singular. Manter a mente sempre ocupada com outras coisas simples não tem preço. No fundo, o ser humano nasceu para ser verdadeiramente feliz, através dos seus próprios sentimentos, lidando com eles sem usar meios para escondê-los.

Por.

Kerley Carvalhedo

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