Belém 403 anos: A cidade maravilhosa

Estive de férias em várias Cidades Maravilhosas nos últimos tempos, hoje, ao retornar nesse grande paraíso, me dou conta que aqui neste recinto de fortalezas naturais é o melhor lugar para viver a vida.

Podemos mudar para outras regiões ou países distantes, viver por décadas na neve ou no sol escaldante, na calmaria da província ou no burburinho da metrópole, mas, é entre as mangueiras imperiais que passeia essa emoção suburbana, trazida pelo aroma de quintais molhados pelas chuvas de todas as tarde.

Sou Belenense de nascença, foi nessa gigante da Amazônia que situei meu coração, onde cresci e nutri minhas raízes, cidade com toda sua gente simples, de rotina matinal, formada por Paraenses, gaúchos, Maranhenses, Paulistano, Europeus, americanos, a grande acolhe a todos, de braços abertos.

Sou filho dessa terra onde a molecada passava o dia comigo no futebol na calçada das quadras, nos bancos da praça. Em frente à minha casa no banquinho feito pelas mãos do meu velho pai.

Belém seguiu em delírio de beleza ímpar, de ruas arborizadas. De largas avenidas, lojas, bancos e supermercados. Moradias e escritórios que crescem na vertical.

Belém é sobretudo linda. Esbanja o bom gosto na arquitetura por suas belíssimas casas e prédios, com fachadas e decorações modernas.

Conheci cidades sem um cisco no chão, habitadas por cidadãos instruídos, à beira-mar ou no meio das serras, com horizontes a perder de vista, ruas sem imprevistos, silenciosas às oito da noite, bares que fecham às dez. Lugares aprazíveis num fim de semana, mas para mim não tinha graça, era cidade de gente neurótica, de gente triste. Eu gosto mesmo é o que me encanta: na minha cidade tem o crepúsculo mais lindo do mundo, que parece descortinar no horizonte. Lugar de grandes artistas, dançarinos, pintores, músicos, cantores. Terra onde tem literatura boa, onde nasce o conto, o poeta, o romancista, e agora o cronista. Temos a antiga biblioteca de silêncio cerimonioso, o estádio de futebol. Belém, lugar de gente intelectual, que ler Drummond, Machado de Assis, Fernando pessoa e Clarice Lispector…

Tudo me interessa até mesmo a paisagem humana, coisa que só Belém tem, estamos todos juntos e misturados: negros, brancos, indígenas, mulatos e orientais, senhoras de roupas recatadas, meninos com o boné virado para trás, homens de gravata, casais que se beijam na boca no meio da praça, mulheres sedutoras, rapazes charmosos, camelôs, bêbados, entregadores de pizza e a legião de turistas que todos os anos veem conhecer as nossas riquezas: Praça da república; avenida Presidente Vargas; a Cidade morena; Mangueirosa; a Praça Batista Campos. Não posso esquecer-me do mais famoso mercado da América latina: ver-o-peso. Assim como não poderia deixar de citar nossa linda estação das docas, o teatro, nossas pontes, nossos lagos e parques. O Carimbó que só Belém tem. A música mais contagiante e diversificada do país também está em Belém. E claro, o maior símbolo de fé do país: o Círio de Nazaré.

Incluo algo mais acessível para quem não pode usufruir de nada que citei acima: temos também um pôr do sol magnífico que não depende de ninguém. É democrático e nunca falha. Belém com mil e uma janelas e seus gatinhos encima dos muros de hábitos noturnos, iluminados pela luz prata do luar.

Quero passar o resto dos dias nesta cidade de alegrias e brio, às vezes atormentada, com sua violência urbana, nada tão voraz não me permitam ir e vir.

É uma cidade belíssima, calorosa, agradável, apaixonante. Em cada curva, em cada encontro, em cada um. Começa mais um dia. Parabéns, Belém!

Por.

Kerley Carvalhedo

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