Opinião | João Dória, um prefeito “fake”

O prefeito do terceiro maior orçamento público do país, a Prefeitura de São Paulo, João Dória começa a ver ruir a sua estratégia, seu plano pessoal. De empresário bem-sucedido dentro do Mundo Business a um gestor em flagrante queda de popularidade. Essa é a nova realidade de Dória, nove meses depois de iniciar a sua gestão.

O governador Geraldo Alckmin foi quem sacramentou João Dória no PSDB e – contra muitos tucanos de alta plumagem – bancou o seu nome, sendo decisivo nas prévias para a indicação do empresário. O plano comum seria o seguinte: Dória ficaria pouco mais de um ano no cargo de mandatário municipal, em seguida, seria candidato ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo e apoiaria Alckmin ao Palácio do Planalto. De quebra, o seu vice, Bruno Covas, neto de Mário, um dos fundadores do partido e ex-governador de São Paulo, assumiria a PMSP.

Dória tinha outra estratégia. Queria pular etapas. Aproveitando a sua popularidade que até então estava na estratosfera, vencendo a mais rica prefeitura do país no primeiro turno. Com perfil de gestor, não político, poderia, por que não, ser o candidato tucano ao Palácio do Planalto? Nem que, para isso, tivesse que romper com o seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Ambos já não dividem a mesma mesa. A relação está estremecida.

Alckmin percebeu tarde a estratégia de Dória. Agora, possivelmente, com Aécio Neves “morto” politicamente, a decisão de quem disputará pelo PSDB a eleição presidencial, voltará ao controle paulista, com a possível prévia entre os dois.

O grande erro de João Dória está exatamente em algo que poderia ser a sua vitrine: gestão da capital paulista. Em nove meses, a sua popularidade cai a cada pesquisa. Inversamente proporcional a isso é a subida gradativa do seu índice de rejeição. As promessas de campanha, sobretudo, as relacionadas ao “choque de gestão”, com atendimento e prestação de serviços com padrões de qualidade nunca visto na capital paulista não se tornaram realidade. Há uma diferença clara entre a teoria e a prática, entre o virtual e o real.

Pesquisa Datafolha aponta que sua aprovação desabou e 55% dos eleitores da cidade já dizem que não votariam nele para presidente; sua aprovação caiu quase dez pontos, o índice de ruim e péssimo disparou e os motivos apontados são a campanha presidencial antecipada e as viagens inúteis pelo país, que não trazem benefício algum para a cidade; na prática, os resultados comprovam as críticas de Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, que disse que São Paulo não tem prefeito, mas um político que tenta se viabilizar candidato a presidente. Ou seja, novamente, a PMSP tornando-se meramente um trampolim político. Foi assim com Serra e deverá ser com Dória.

Portanto, por um erro primário, a gana pelo poder, o descumprimento de acordos, estão levando o então “promissor” gestor, João Dória à derrocada, antes da hora. Pior para os paulistanos, melhor para o Brasil.

 

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe um comentário