Michel Temer, um corpo estranho

Chega a incomodar acompanhar as aparições públicas do presidente Michel Temer. No mínimo constrange a sua presença visual. É nítido que parece ser um corpo estranho inserido no local, independente do lugar. Temer tornou-se uma unanimidade negativa no país. Poucos o defendem. Quem o faz, parece fazer com obrigatoriedade, pela manutenção do “status quo” ou com algum interesse pessoal. Fora isso, ele é renegado. Ficou marcado, gravou em sua biografia o termo “golpista”, sem ética e até sem caráter.

Sem ser especialista em comportamento humano, afirmo que Temer, transparece se incomodar com a própria situação que ele mesmo provocou para si. Sua popularidade não chega em nenhuma consulta a dois dígitos. Segue sendo um corpo estranho, uma figura sem brilho, sem carisma, que vaga pelo Plano Piloto. Se mantém no poder pelas formas mais imorais positiveis, mas que não são exclusividades suas. Outros se utilizaram delas.

Na relação com o Congresso Nacional, Temer demonstra toda a sua dependência política do parlamento (além do normal no combalido sistema de presidencialismo de coalização adotado no Brasil em diversos governos anteriores). Já sofreu duas denúncias da Procuradoria Geral da República. Venceu sem sustos a primeira e deverá nesta semana “enterrar” a segunda, porém com menos apoio.

O Palácio do Planalto sob ordens de Michel, evita indisposição com os congressistas que pedem o que podem e o que não podem ao Executivo. Os deputados da base, por exemplo, nunca tiveram seus pedidos atendidos de forma tão rápida. Muitos afirmam que estão no “paraíso” e que “nunca foi tão proveitoso politicamente Brasília”. É dessa forma no famoso e recorrente “toma-lá-dá-cá” que o Brasil vai vivendo, em meio às incertezas econômicas e políticas.

E assim, dessa forma, Michel conduz o país. Prefere ambientes fechados, palacianos, do que públicos, eventos abertos. Por um momento, como um sopro, imaginou ao assumir o poder que seria o salvador, o maestro que recolocaria o país de volta aos “trilhos” da economia e do desenvolvimento. Depois de pouco mais de um ano nada mudou, melhorou. O país sem mantém estagnado, com “sopros” em alguns setores econômicos, algo localizado que não representa, de fato, o início da recuperação econômica.

Temer sem apoio popular, ainda com a cobertura positiva da mídia, haja vista, que ainda não se sabe qual rumo a política tomará nos próximos meses. Conforme escrevi, Michel sabe que seu governo começa a ruir aos poucos. Sua sustentação política no Congresso é efêmera e volátil.

Os que defendiam o impeachment de Dilma Rousseff hoje se calam. As panelas continuam guardadas e os “patos” estão escondidos. O senso comum diz: “outro impeachment seria traumático, então, mesmo ruim melhor deixar o Temer por aí. Ano que vem tem eleição e a gente tira ele…”. Portanto, o que valeu para um, não vale para outro.

Temer se tornou um corpo estranho em Brasília, na política nacional e em seu próprio governo. E assim será até o fim do ano que vem, mesmo com o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia rondando o cargo. O impeachment continua custando muito caro.

Por.

Henrique Branco

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe um comentário