Cada vez mais minério, a VALE que vale

Coluna do Branco

No último dia 22, a mineradora Vale divulgou o seu terceiro balanço de 2015, onde apresentou prejuízo (R$ 6,6 bilhões) em relação ao trimestre anterior. Quando a comparação é em relação ao ano passado, a diferença negativa chega a R$ 3,3 bilhões. Na dança dos números do balanço divulgado, pode-se creditar as diferenças negativas ao câmbio que resulta em uma grande assimetria contábil.

O grande responsável (conforme consta como justificativa no balanço apresentado pela mineradora) é a alta do dólar, a consequente desvalorização do real e o baixo valor da tonelada do minério de ferro, carro-chefe da multinacional. O alerta foi dado, a luz vermelha foi acesa quando a cotação do minério de ferro chegou a US$ 50 a tonelada no trimestre passado. Pensava-se que o valor negociado no mercado internacional teria chegado ao seu piso, o limite de baixo valor, não haveria espaço para mais quedas. No entanto, no atual trimestre, o valor da tonelada do ferro chegou a ser negociado por US$ 46,5, quase um quarto do valor registrado em 2011 (US$ 112), no mais alto pico de comercialização do referido mineral.

Como esperado para enfrentar as adversidades do atual cenário econômico internacional, a Vale bateu novamente mais um recorde de produção. O volume produzido foi impressionantemente de 88,2 milhões de toneladas de minério de ferro, conseguindo o melhor resultado de sua história quando a medição começou a ser feita a cada três meses.

Além do aumento da produção com batimento de recordes sucessivos, a referida mineradora reduziu significantemente as despesas de operação e custeio. Na área operacional, a Vale vem tentando reduzir ao máximo o custo de produção de uma tonelada de minério. A mineradora busca através de avanços tecnológicos e novas formas de exploração e produção, chegar ao custo médio de 10 dólares esse custo.

No trimestre passado já foi comemorado a redução de custo de produção que ficou em 12 dólares. Toda essa projeção de redução só se sustenta e torna-se viável se o dólar ficar na casa dos R$ 3,5. Atualmente com a alta da moeda americana, a Vale deve esquecer a pretensão de redução a 10 dólares, torna-se quase impossível esse objetivo.

Na questão de custeio, a mineradora vem gradativamente reduzindo benefícios, enxugando a folha de pagamentos e diminuindo gastos administrativos. Tudo para amenizar a diminuição das taxas de lucros que se tinha quando o preço do minério de ferro passava dos 100 dólares. A tendência é que a Vale continue cortando, buscando fazer caixa para manter os projetos de investimentos, especialmente o S11D em Canaã dos Carajás.

Enquanto isso as reservas minerais vão sendo exploradas em uma velocidade cada vez maior, quebrando todo e qualquer projeção em relação aos seus tempos de duração. Enquanto a cotação do minério de ferro continuar caindo ou bem abaixo do preço mínimo aceitável (algo em torno de 75 dólares) a Vale continuará com a sua política de recordes de produção. Essa é a sina “desenvolvimentista” na Amazônia, sendo o grande almoxarifado do mundo.

 12006182_1468572010139284_2965935745697830044_nProf. Henrique BRANCO – Licenciado em geografia com pós-graduação a nível de especialização em Geografia da Amazônia – Sociedade e gestão de recursos naturais. Professor que atua nas redes de ensino público e particular de Parauapebas. Assina diariamente o “Blog do Branco”www.henriquembranco.blogspot.com além de jornal e sites da referida cidade.

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