Membros da FETRAF interditam estrada de acesso à Mina do Sossego

Interdição da rodovia de acesso ao Projeto Sossego / Silvia Lopes

Uma fila quilométrica de caminhões, alguns com cargas, se formou na altura do quilômetro 13 da estrada que dá acesso à Mina do Sossego, entre a Vila Planalto e Vila Bom Jesus, Zona Rural de Canaã dos Carajás. Mais à frente, pneus e galhos de árvores foram incendiados para bloquear o acesso à mina. Uma faixa estendida no meio da via indicava que os responsáveis pela manifestação eram membros do Acampamento Nova Conquista, ligado à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar – FETRAF – que pedem um posicionamento da mineradora acerca da promessa de remanejamento das famílias daquela localidade.

“Nós estamos aqui para lembrar que a Vale tem uma negociação com a gente. A Vale veio aqui, fez o censo de todas as famílias, assinou um compromisso com todos os acampados. Existe um ACT (Acordo de Cooperação Técnica) que foi assinado acerca de três anos, onde ela disse que iria nos ajudar, que iria resolver os problemas de todas as famílias acampadas na área dela, ela iria nos dar um destino, e agora nós estamos precisando dele”, explicou o coordenador da FETRAF, Lindomar de Jesus.

Nesse acordo firmado entre Vale e o Incra, ficou estabelecido que a Mineradora iria apresentar documentos e informações requeridas pelo Instituto, dos imóveis que a mesma esteja ofertando, de acordo com cada demanda.
O bloqueio iniciou por volta das 4hs da manhã desta quarta-feira, 12, e segue por tempo indeterminado ou até que uma equipe da mineradora receba representantes da FETRAF e estabeleça uma data para o remanejamento das 181 famílias do acampamento. Após uma mesa de negociação com a equipe de relações com a comunidade da Vale, os manifestantes aceitaram liberar a passagem de veículos de pequeno porte e motocicletas. “Nós estamos acampados há três anos e três meses e esse também é o nosso tempo de espera pela Vale. Nós estamos liberando apenas os carros pequenos. Nós estamos na porta de casa, não temos hora para sair daqui até resolver essa situação. Ela diz que o Incra que não está fazendo a sua parte, mas nós não temos nada a ver com o INCRA, nós queremos saber é do compromisso que ela fez com a gente”, prosseguiu o coordenador.

Assista o vídeo registrado pela equipe do Portal Canaã:

Existe, segundo o coordenador, uma área disponibilizada ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pela mineradora, para onde as famílias seriam remanejadas, mas até agora, tudo ficou só no papel. “Nós queremos que ela compre uma dessas áreas (qualquer uma dessas fazendas: Faz. São Luiz, I, II e III; Faz. Boa Esperança; Faz. Bocaina, Bocaína I, II e III; Faz. Godoy; Faz. Ringão, entre outras) e coloque a gente lá. Hoje nós estamos em uma área cedida e temos até o dia 29 para sair dessa localidade e nós queremos que a Vale destine um local para remover as famílias para que elas possam trabalhar e tirar seus sustentos”, finalizou.
Procurada pela reportagem do Portal Canaã, a Assessoria de Comunicação do INCRA se manifestou por meio de nota.

A área em questão não é pública e nem objeto de desapropriação ou aquisição por parte do Incra. O movimento manifestante está acampado próximo a uma área de interesse minerário explorado legalmente pela empresa Vale. De qualquer forma, o Incra Sede em Brasília foi comunicado do litígio e aguardamos instruções da Ouvidoria Agrária Nacional.

A assessoria de comunicação da Mineradora Vale também foi procurada, mas não havia se manifestado até o fechamento da reportagem.

Veja imagens do Local da Interdição (Fotos: Silvia Lopes)

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