Entrevista com Joddal Simon sobre o Dia Mundial de Combate à AIDS

Joddal Simon Foto: Do Autor

Nesta sexta-feira, 01, se comemorou o Dia Mundial de Combate à AIDS, que foi criado em 1987, um tema muito presente da região de Carajás, onde alguns municípios aparecem na liderança de índices de pessoas portadoras do vírus HIV. Este dia existe para alertar a humanidade para um dos maiores problemas de saúde pública, que já matou mais de 35 milhões de pessoas, 1 milhão delas somente em 2016.

Pensando nisso, o Portal Canaã, através do colaborador Jorge Clésio, realizou uma entrevista com o Ativista e Humanista, Joddal Simon, que é um dos idealizadores do Instituto Acthivist, criado em 2014 com a finalidade de prestar assistências às pessoas vivendo com HIV/AIDS e preservação no município de Parauapebas e região. Atualmente o Instituto atende cerca de 500 pessoas.

Leia abaixo a entrevista na íntegra com assuntos diversos e respostas objetivas e polêmicas do ativista que vive a realidade no município de Parauapebas.


Por que devemos comemorar a data hoje?

Joddal Simon: A data de 1º de dezembro é u marco na história. Independente do cenário atual de aumento de AIDS e mortes e, principalmente jovens afetados pela a AIDS, essa data nos remete a repensar valores, cuidados, políticas e ações para além da entrega da camisinha. É um erro ficar esperando somente respostas do governo e da ONU. Todos devem fazer do primeiro de dezembro, o primeiro de todos os dias da vida. Dezembro Vermelho é todo dia, pois a vida acontece agora.

Qual a importância do tema para nossa região?

Joddal Simon: Não é surpresa nossa região ser e ter os maiores índice de AIDS. A importância do tema deve nos fazer pensar que aqui no norte se faz muito sexo, mas sem nenhuma qualidade, conhecimento e entendimento das políticas de educação, saúde e planejamento sexual e familiar. Aqui reduzimos nosso sexo e sexualidade a ‘trepar’. Enquanto não trouxermos esse assunto para dentro das escolas e igrejas, como também comunidades e entidades, apenas vamos falar da mesma coisa do mesmo jeito em 2018 e assim sempre.

Foi veiculado recentemente uma notícia que Parauapebas lidera os índices no estado, a que você atribui esse alto índice?

 Joddal Simon: falta de políticas públicas em educação, saúde e planejamento sexual e familiar. Não temos enquanto sociedade projeto para o tema sexo em geral. Nosso limite intelectual além de baixo é medíocre. Temos muitos educadores que lutam e querem esse tema dentro das escolas, mas se a construção dessa política não partir dos gabinetes de prefeito, educação, saúde e assistência social nada vai mudar enquanto governo. Mas quem quer faz, quem não quer faz desculpas.

 E o futuro, como você enxerga?

Até 2020 toda família de Parauapebas terá um caso de AIDS. Não há mais o que fazer, apenas proteger as novas gerações. É angustiante, mas não é surpresa.

Em 2010 de cada 10 pessoas que eu palestrava eu perguntava se conhecia alguém na família com HIV, 4 respondiam que sim, em 2014 esse numero subiu para 7, em 2020 chegará a 100 por cento das famílias Parauapebense, eu avisei desde 2002.

Fatores como classe social, gênero, orientação sexual e raça apresentam diferenças nesses índices?

Joddal Simon: sim e isso é notório, mas essas diferenças também apontam distancia nas mesmas esferas em lugares que se tem política de AIDS. Em nossa região não é somente essas diferenças, mas sim o nível intelectual, o nível de senso de importância, valores e propósitos são muito baixos e medíocres e alguns políticos e empresas tiram proveito disso tratando as pessoas como gado, como boiada. Pão e circo aqui nessa região é muito mais forte do que qualquer região do Brasil. Os jovens são fracos e a juventude é débil.

Qual o público mais afetado ou que mais apresenta indícios do vírus HIV / Quem é mais vulnerável à AIDS atualmente?

Joddal Simon: Jovens! Em especial, jovem homossexual, que está mais vulnerável e alguns estão confundindo diretos homo afetivos com segurança sexual e, que os remédios para a AIDS podem evitar a contaminação assim num toque de mágica. Sugiro acessarem o site www.aids.gov.br.

O Poder Público vem atendendo essa demanda?

Joddal Simon: Como deveria ser, não. Não tem projetos e nem iniciativa de política de forma escrita.

Quais as medidas urgentes deveriam ser tomadas, se realmente existe necessidade?

Joddal Simon: Educação, saúde e planejamento sexual e familiar dentro das escolas, igrejas, empresas, garimpos, zona rural, ser continuo e não em carnaval e em dezembro somente.

No seu ponto de vista, em que aspecto o tema carece de mais discussão?

Joddal Simon: Educação, saúde e planejamento sexual e familiar. Isso abrange tudo, principalmente vencer o preconceito.

E a cura?

Joddal Simon: É o que queremos, mas nós perdemos tantos ativistas como cientistas com a diferença de cura e ser curado. Não queremos a cura, queremos apenas ser curados e isso em qualquer mal ou doença. Ser curado é apenas o desejo de se livrar do mal e criar uma outra aids, doenças e mazelas. Não queremos mudar de comportamento que nos traz mal e levar esses males a muita gente inocente e vítima de nosso comportamento. Desejo que possamos encontrar a cura.

Você como ativista, o que tem feito pela causa?

Joddal Simon: Apresentando projetos na câmara municipal, palestrando nas empresas com o tema HIV/AIDS NOS LOCAIS DE TRABALHO fazer pensar na vida e na família. Propor mudanças nas ações de política de AIDS local e, estou criando com outros ativistas projetos de acesso a informação a toda região que será lançado em Janeiro de 2018.

Quais a principais dificuldades enfrentadas?

Joddal Simon: Indiferença do poder público de toda região.

Existem outros grupos empenhados nisso?

Joddal Simon: Não conheço.

Porque, apesar de sabermos de tantas informações e a gravidade (se realmente é grave) de ser contaminado com o HIV, ainda é um tema é polêmico?

 Joddal Simon: O tema mexe com a sexualidade e o sexo em si. A uma curiosidade de saber como o outro faz sexo. E o pensamento errado de sobre quem pegou AIDS, é: prostituto, vadia, mau caráter e outros adjetivos. Sexo é a busca de todo mundo. Mas não aprendemos a separar sexo de sexualidade, apenas penetramos e depositamos nosso esperma em alguém, temos um orgasmo medíocre e repetimos isso e ainda nos consideramos felizes. AIDS lembra sexo e as pessoas não querem falar abertamente, pois podem se frustrarem por terem vida medíocre e pobre sexualmente. AIDS e sexo virou estigma.

Como você avalia a presença das instituições, como: governo, imprensa, escolas sobre o tema?

Joddal Simon: Pobre, fraco, medíocre e sem interesse. Não passamos de mamão com açúcar. Somos da região do Pebinha de Açúcar, tendo açúcar, não importa se é podre. Só existimos no carnaval e em dezembro. Podemos mudar isso.

O Acthivist tem conquistados apoio para dar assistência ao tema?

Joddal Simon: Sim, vem conquistando sim, visitamos diariamente pessoas com hiv, acompanhando nas unidades de saúde, palestras, acolhimento e aconselhamento. Todas essas ações estão tendo apoio graças a Deus. Precisamos de mais, muito mais e sempre Deus traz novos colaboradores e ativistas, pessoas que se importam.

Em números, você consegue apresentar o Acthivist?

Joddal Simon: O Acthivist atende mais de 500 pessoas, quanto ao governo não sabemos, pois esses dados fecham ainda em dezembro. Podemos afirmar que diariamente Parauapebas tem 3 três novos casos de aids.

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe um comentário