Kerley Carvalhedo é o novo colunista do Portal Canaã

Faço minha estreia neste espaço com muito prazer. Em períodos de pouco diálogo, nervos à flor da pele e agressivos embates políticos, espero conseguir trazer aos leitores uma visão sobre temas relacionados ao comportamento humano, cultura, arte, entre outros, como forma de entretenimento. Este será o principal objetivo desta coluna. Quero escrever para todas as idades. Quem for meu leitor vai gostar, quem não for o meu leitor também vai gostar… (risos) Pelo menos é isso que eu espero! Todas as segundas-feiras espero por você aqui.

A aventura está só começando…

Viver de escrever

No meu primeiro ano de escola, tive uma professora chamada Adelaide. Seu jeito autêntico fazia qualquer criança sentir vontade de ir ao colégio. Lembro que no primeiro dia de aula ela pediu para que todos se apresentassem falando o nome e o que queria ser quando crescer. Não demorou muito para que a molecada saísse verbalizando os sonhos mais estapafúrdios. Uns diziam que queriam ser médicos, outros veterinários. Alguns optavam por serem modelos. Ouvi até um dizer que queria ser banqueiro porque ia ficar muito rico e comprar um carro igual ao do seu avô, que na época devia ser no mínimo um Fusca. Quando chegou minha vez, sem titubear respondi: “Quero ser advogado”. Eu só disse isso por ter ouvido minha mãe diversas vezes falar que era uma profissão que dava dinheiro. Pra falar a verdade, nem eu sabia ao certo o que queria ser. Quando cheguei ao final do colegial, eu já tinha mudado de ideia de ser advogado. Nenhum dos meus colegas foi aquilo que queria ser. Algumas das meninas que queriam ser modelos ficaram acima do peso, outras casaram e viraram donas de casa. Outras conseguiram ir um pouco mais adiante, tiveram muitos namorados. A maioria dos meninos não conseguiu a profissão que queria, mas tem seus próprios negócios, casaram-se e são pais de meia dúzia. Não estava escrito no meu destino para ser advogado, mas, por outro lado, o futuro foi generoso comigo: prestigiou-me com a escrita. Tive experiência em vários empregos e fui despedido merecidamente por não ter o talento suficiente nas áreas que me meti. Até já tentei ser atendente de hotel, mas fazer cara de bonzinho e sorrir o tempo todo, não deu mesmo. Despedi-me. Depois de tantas tentativas frustradas, eu não conseguia me identificar com nada, foi quando eu recebi um e-mail de um editor, chefe de um jornal, pedindo autorização para publicar um dos meus textos no veículo. Autorizei. Nunca mais parei de escrever. Desde criança, eu ficava horas a fio dentro do quarto lendo e escrevendo volumes de historinhas. Escrever tornou-se uma necessidade, uma profissão, uma terapia. Eu escrevo para sobreviver do meu próprio caos. Escrever é trabalhar, mesmo que envolvido pela aura da emoção, do sentimento e da criação. São partes interligadas de um mesmo processo criativo e evolutivo. Se pudesse voltar à sala de aula, eu diria a professora Adelaide: “Quero viver de escrever.”

Kerley Carvalhedo é Escritor, cronista, roteirista e diretor de teatro, compartilha com o leitor sua visão sobre cultura e comportamento humano por meio de crônicas e poesias, cujo estilo rendeu-lhe premiações e reconhecimento pelo país. Integra coletâneas em Brasil, Argentina, Chile, Espanha e Portugal. É membro da ATL (Academia Tucuruiense de Letras – Pa)  Seus textos já foram publicados em Revistas, Livros, Blogs e Jornais. Autor dos livros: Há Tanto Tempo Que Te Amo, É Preciso. Atualmente é colunista dos jornais: DiárioRS(RS) e da Revista MKLAY BRASIL. Vencedor do prêmio “Poetizar o mundo, 2018” Curitiba/PR

 

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *