VIOLÊNCIA NO RIO: A Raiz de todo mal

Para entendermos o que acontece no Rio de Janeiro, com a violência que ali grassou como um câncer em metástase é aconselhável começarmos pela leitura do romance de Rubem Fonseca, – AGOSTO -, que até, anos atrás, foi levado para as telas, no formato de minissérie, pela Rede Globo de Televisão. Para compreendermos o ambiente em que as coisas acontecem.

A CULTURA
É importante tomar conhecimento da ambientação dos fatos, a cultura que levou e leva aos fatos atuais, o enredo, o pano de fundo dos acontecimentos. Se AGOSTO descreve o Brasil nos tempos de Getúlio Vargas, ali são colocados à nossa frente vários protagonistas da História do Rio. E falo aqui não da História oficial mas do ambiente do submundo carioca.

BRIZOLA E O POPULISMO
Daí, vamos mais adiante às eleições para governador, disputadas e vencidas por Brizola em 1982, para seu mandato, a partir de 1983. Dois fatos ali são incontestáveis, com profundos reflexos para o Rio e depois para todo o país: o populismo e a entrega do comando da Segurança Pública aos chefes da contravenção. Embora o populismo seja anterior a Brizola, é fato também que com ele se exacerbou.

FAVELAS
A História está aí, embora grande parte dos historiadores, os politicamente alinhados, detestem tocar nestes fatos. Mas quando Darcy Ribeiro cunhou a célebre frase “favela não é problema, favela é solução, e liberou a ocupação desordenada dos morros cariocas, o controle administrativo sobre as áreas públicas no Rio descambou, deixou de existir, desconheceu qualquer ordenamento.

UM EXÉRCITO
E as eleições? Como foi que, sem dinheiro para enfrentar os concorrentes, Brizola, com um partido que fundara recentemente, o PDT, logrou vencer as eleições? Como conseguiu estar acompanhado, servido por um exército extremamente violento e disposto a tudo ao longo da campanha, mesmo sem ter como recompensar monetariamente seus soldados?

OS BICHEIROS
Foi simples: no Rio, a cada esquina, funcionava uma banquinha de venda de apostas no jogo do bicho. Esta foi sua base, esse foi o seu exército. E por que? Por que, comandado pela cúpula, pelos sete chefes do jogo, – dentre eles, o Turkão (Elias Kalil), um capitão de Polícia, Anísio Abraão, Castor de Andrade e os demais, Brizola fechou com eles um acordo.

UM ACORDO DE CONSEQUENCIAS FUNESTAS
E qual teria sido esse acordo? Ficou acordado entre o candidato e a cúpula da contravenção que estes indicariam para ocupar no governo o nome do Secretário de Segurança Pública. E o governador até poderia demiti-lo, mas eles é que indicariam o eventual substituto. Brizola entregava aí o galinheiro para as raposas.

DA CONTRAVENÇÃO AO CRIME
E foi então que da simples contravenção (o jogo do bicho) esses “empresários” passaram de imediato a importar as placas de vídeo poker, daí passaram ao comércio de drogas, e em seguida, de armas. As portas estavam escancaradas. O controle total nas mãos deles. Daí não é nada difícil entender como se chegou ao ponto em que a violência explode no Rio hoje, e a dificuldade para coibi-la.

OS OVOS DA SERPENTE
Salvo engano meu é Jorge Luís Borges, o magistral contista argentino, que tem um conto sobre os ovos de uma serpente que um homem, sem saber, importou da Índia para um país nórdico e que, anos depois, foi morto por uma das crias da víbora. Mesmo afirmando e acreditando sempre que aquele tipo de réptil não existia e nem tinha condição de existir naquela terra gelada.

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *