Parauapebas – Um Flash da Semana Santa

RELATO: que sendo 5 horas da manhã de domingo paramos um condutor que conduzia veículo na contramão na Rua 11. E que este, apeado de sua máquina rodante, surgiu diante de nossas vistas trajando uma mini saia colorida no lugar das calças.
E que exalava a figura um bafo baforento de gases etílicos e já deceu do carro gritando para este servidor das leis assim: – Eu sou advogado! (Ai, que medo!)
Que então lhe demos a praxosa voz de teje preso e ordenamos que entrasse em nossa viatura para ser devidamente conduzido à Depol.
Que nesse momento e por um vacilo nosso o dito transídico – digo, causídico – debandou em direção à sua casa, onde entrou e trancou-se.
Que só de lá saiu uns minutos depois, não mais de mini saia mas vestido de umas calças blue jeans, índigo blue. E então concordou em ser levado à casa corretiva conforme determina a lei.
Que ali chegando até sugeri ao indigitado elemento que constituísse logo um advogado de advogados para fazer sua defesa argumentosamente.
Que sem estar fazendo propaganda falei o nome de um amigo nosso, o Guemberg, apelidado Guto, que o detido avocasse fim de que ele advogasse e invocasse a seu favor presunção de inocência
E preparasse de imediato o Habeas Corpus Preventivo e os recursos dos recursos decorrentes dos recursos recorrentes.
No que, aliás, não fui atendido posto que o próprio lançou mão, ele mesmo, de um imunus laxantis, que sendo este o único remédio que solta qualquer preso no Brasil.
Que sendo este um imunus simplex, coisa que tirou ele dos bolsos, amarfanhadas notas de cinquenta e cem reais, somando dois salários minimorus e colocando um finalmente imediato na pendenga.
Que soldado sendo eu e por isto sou proibido de pensar mas não de imaginar, imaginei se um dia caísse eu passivo em julgamento diante dos ministros do STF e surgisse na cena esse doutor, guinchado ao cargo por uma indicação de Jader Barbalho junto com Sarney e Lula, coisa que não é impossível de acontecer;
E se apresentasse em minha frente vestido com a sua estimada mini saia e coberto atrás por aquela escorregante capa preta de morcego chupador de sangues…
Imaginei que eu pediria na mesma hora uma tripla condenação dupla para minha pessoa só para não ter que ficar horas e horas ali vendo aquela marmota.
E sem preocupação por que na Justiça brasileira cabe recurso do recurso do recurso, do ponto e vírgula e do ponto e da vírgula, cada recurso só dependente do condenado ser possuinte de grana, o vil argentum.
Dinheiro que eu sei que nunca terei, mesmo que trabalhando duro por todas as minhas sete vidas. Sete. Por que hoje no Brasil, se não estiver investido de sete vidas o soldado já está é morto por fuzil de criminosos bandoleiros.
E registro ainda que sou soldado mas estudo e estou cursando a Faculdade de Direito e caprichando na linguagem como já se vê.
Registro ainda a informação de que colegas do flagrado doutor de saia estariam arregimentando um grupo para aplicar no companheiro deles um corretivo, uma taca paraguaia no costado, para ele aprender e não ferir de novo os brios e a honra da classe.

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