Chico Brito: Crimes e Ideologias

“Há crimes de paixão e crimes de ideologia, de lógica.” O apaixonado mata seu desafeto amoroso em um impulso, por ciúmes. É o crime passional, pessoal. Ditadores matam para defender sua ideologia, seu propósito de poder.
Hoje no Brasil como talvez no mundo os assassinatos passionais estão fora de moda, e quando ocorrem são em geral punidos de imediato. Já os crimes de lógica têm toda a tolerância. Há sempre quem apareça para justificá-los.
Foi assim que Cesare Batisti assassinou na Itália e fugiu para o Brasil, onde Lula homiziou-o, lhe deu proteção e guarida, sob a justificativa de que se tratava de uma ação política a série de assassinatos que ele cometeu.

É assim que dezenas, centenas de mortes são cometidas e acobertadas, dentro do MST, por exemplo e de outros “movimentos”, e defendidos como se fossem justos por se tratar de crimes de ideologia.

Com frequência vemos tentativas de se justificarem roubos milionários, principalmente de recursos públicos, com a alegação de que se são cometidos em nome de uma ideologia não podem ser punidos. E até se pretende transformar em heróis nacionais seus protagonistas.

Xinga-se o pobre de pobre se ele discorda de métodos criminosos, de “pobre de direita”. Como se ele não pudesse fazer escolhas. Como se ser pobre exigisse que ele se juntasse a bandoleiros ou se calasse ante aberrações.
Como se ser pobre é que seja crime, como se ser pobre não possa ser uma opção, ou se o pobre não possa pensar e escolher por ele mesmo sua posição e fosse obrigado a seguir cegamente os chamados líderes de massa.
Que, aliás, depois de praticar e/ou incentivar todo tipo de crime se tornam tão milionários ou mais do que aqueles que ele incriminava por ter fortuna, muitos e muitos, uma fortuna adquirida com trabalho incansável.
Ignora-se que o imponderável é real e que nem toda fortuna, como disse, salvo engano, Rousseau, como se toda fortuna tivesse origem em um crime. Ignoram que “pobres, sempre os teremos conosco”, segundo os Evangelhos.

Claro que cabe ao Estado promover justiça oferecendo condições de vida básica para os pobres. Mas pobreza não pode ser profissão, viver do Estado, como quer uma parcela considerável da população, só fará generalizar a miséria.

Pelas mãos de muitos e muitos pobres já passou muito mais dinheiro do que pelas mãos de pessoas economicamente estabilizadas. Mas a irresponsabilidade, o espírito de malandragem faz com que nunca saiam da pobreza.

Então os intelectuais extremistas pregam a máxima de que só com o assassinato se pode fazer justiça e modificar o mundo. Modificar o mundo, no sentido de que todos sejam ricos, e ser rico no sentido de poder não trabalhar, nada produzir, mas usufruir benesses do Estado.

Mas toda riqueza é resultado de economia. E economia resulta da sobra, é a sobra daquilo que se produz, aquilo que se produz a mais do que o que se gasta. O Estado não produz, apenas gasta o que tem que gastar, por que é assim que foi criado.

O Estado não é mais que, ou é como se fosse o gestor de uma cooperativa criada para fazer por todos o que deveria ser feito por cada um, com muito menor gasto. O Estado não produz. Ele não gera riqueza. Seus recursos vêm do que arrecada.

Recurso e riqueza aqui não podem ser confundidos. A riqueza de que o Estado dispõe é aquilo que ele recebe da natureza, como a terra, a jazida mineral, etc. Mas tudo isto para se transformar em riqueza necessita ser trabalhado.
Quem, em sã consciência entregaria tudo o que tem nas mãos de outrem que não conhece, de uma abstração, para que essa entidade cuide? Quem estaria disposto a alimentar o Leviatã com tudo o que é seu? Que este comece então, seja o primeiro.

Todos os chefes de revoluções sangrentas apoderaram-se do poder, enriqueceram-se, tornaram-se ditadores que querem perpetuar-se no poder de um Estado que de imediato tornam totalitário.
Existem crimes de paixão, como escreve Camus, e crimes de lógica. E a era da inocência e do romantismo já ficou para trás. A era da solução sangrenta como única via de transformação social já ficou para trás. A História nos faz aprender com a própria História.

Repensar os caminhos é nossa tarefa, se queremos ser honestos. Sem desconsiderar o imponderável e o tempo. Sem desconsiderar que cada um tem de ser compensado conforme seu próprio esforço e trabalho. É o que precisamos hoje no Brasil. Precisamos fugir dos extremos.

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