A eterna busca por experiências

Por: Ana Rosa

Motivada pelas últimas viagens e conversas com viajantes, eu tenho pensando no caminho que tenho trilhado e eu me sinto muito sortuda e feliz por ter tido experiências incríveis pelos encontros e desencontros da vida.

Mas melhor do que de falar sobre o que aconteceu nos últimos dias, vou falar sobre o caminho que me trouxe até aqui. Eu considero que a minha primeira viagem aconteceu quando eu saí da minha cidade natal, ainda com 7 anos. Continuei no litoral Nordestino, mas agora no piauiense. Lá eu pude conhecer novas pessoas, que viviam com estilos de vida diferentes do que eu conhecia, mas pela tenra idade, não percebi a diferença. Eu lembro como foram os primeiros dias de aula e da sorte de ter recebido uma ótima recepção no lugar novo, fazendo com que eu me sentisse bem-vinda e pudesse fazer novas amizades com a facilidade típica de quando se tem essa idade.

Estrada com a família.

De lá, eu ia quase todas as férias visitar familiares. Na vizinhança do Aldeota ou do Conjunto Ceará, eu tinha amizades fortes, curtas ou duradouras, com pessoas com quem eu compartilhava o prazer do reencontro ou a alegria da novidade.

Lembro a primeira vez que fui a São Luiz, ainda criança, pois aquela foi minha primeira grande viagem, pela primeira vez fui conhecer algo realmente novo. O brilho dos bois e a riqueza cultural me encantaram, afinal, era a primeira vez que eu “saia da rota” dos lugares para os quais eu tradicionalmente viajava.

Lembro também de quando uma amiga mudou-se para Belém, uma cidade que na minha cabeça era uma distante e desconhecida metrópole. Mal sabia eu que no futuro seria a capital do estado que tanto me fez crescer. A primeira vez que ouvi falar em Marabá foi já relacionada à mudança que me tiraria do Nordeste brasileiro pela primeira vez. E para lá fui, o local com mais diversidade que conhecia até aquele momento. Pessoas de todos os cantos do país, sejam eles indígenas, goianos, maranhenses, mineiros ou gaúchos, se encontravam em um dos ambientes mais complexos que conheci até hoje, o Sudeste do Pará.

Rio Itacaiunas, em Marabá-PA

Em Marabá eu tive minha base durante os anos do ensino médio e superior. De lá, mesmo durante o colégio, eu ia com frequência para o Nordeste, mas foi só quando entrei na faculdade que eu peguei um importante ônibus de São Luís para Parnaíba. Esse foi um momento que ficou marcado por ter sido a primeira vez que peguei o ônibus sozinha, para ir a um lugar onde parentes não me esperavam. Mas uma das minhas melhores amigas, Marina, estava lá e sua amizade me deu toda a confiança que eu precisava. E lá eu passei meu aniversário de 18 anos.

Parecia que eu estava aprendendo, devagar, a beleza de viajar. Eu já estava preparada para buscar novos ares e primeira vez que saí do Norte-Nordeste do Brasil fui buscar conhecer o outro lado do planeta, a Nova Zelândia. Um país de grandes belezas naturais e grande diversidade cultural, pois o primeiro país a permitir o voto feminino também é referência em integração da sua sociedade, incluindo os aborígenes.

Vista de uma fazenda WWOOF na Nova Zelândia.

Nesse momento eu já tinha sido picada pelo mosquito da curiosidade que não me deixaria ficar muito tempo quieta em um só lugar, mais que isso, que me faria buscar conhecer novas culturas e grupos de pessoas, mesmo sem sair da cidade. Procurei sempre misturar o aprendizado técnico e acadêmico com o cultural. Procurei bolsas e outras oportunidades para participar de cursos de idiomas, congressos, voluntariado, visitas a amigos e intercâmbio acadêmico. Assim tive a possibilidade de lentamente me preparar para intercâmbios mais longos, que fiz em dois continentes diferentes.

Hoje em dia, quando vou para uma nova cidade sem planos muito fixos, mas com grande flexibilidade, sei que é fácil esquecermos de como nos sentimos na nossa primeira viagem. E que coisas que parecem simples hoje em dia, foram assustadoras no primeiro momento. Mas é a empatia, o poder de entendermos o outro, que nos permite auxiliar quem está nos primeiros passos rumo à formação de um cidadão global.

Por: Ana Rosa

 

 

 

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