Conselho Regional de Farmácia do Pará gastou mais de R$800 mil com passagens, hotéis de luxo e diárias em 2017

Números do órgão fiscalizador impressionam. Entidade tem a finalidade de regulamentar e fiscalizar a profissão farmacêutica no Pará

Não é de hoje que os gastos do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Pará chamam a atenção. Os números, disponíveis no Portal da Transparência da entidade, saltam aos olhos do cidadão. Só em 2017, a entidade movimentou mais de R$ 6 milhões de reais, segundo os dados do próprio órgão fiscalizador. Tanto dinheiro não brota da terra. O órgão recebe a contribuição anual de milhares de farmácias e milhares de farmacêuticos de todo o estado. Todos os anos, os valores são pagos pelos contribuintes para que as atividades do Conselho continuem a acontecer.

Só no Pará, em 144 municípios, quase quatro mil farmácias fazem parte da rede de contribuintes do Conselho. Para que a empresa do ramo possa funcionar, as taxas são obrigatórias. Quem também ajuda a engordar a conta do órgão, são os farmacêuticos do estado. Ao todo, 4.127 profissionais fazem todos os anos suas devidas contribuições para a atuação da entidade.

Ainda em 2017, um número impressiona. Nada menos que R$ 816.035,75 foram gastos com passagens, hospedagens em hotéis de luxo e diárias em hotel. Os valores são utilizados para que o órgão faça o devido trabalho que é pago para fazer. Os deslocamentos, que acontecem apenas dentro dos limites do estado, acabam levantando o inevitável questionamento: os preços não estariam altos demais para o trabalho de fiscalizar a atividade farmacêutica?

Outro fato que também tem incomodado empresários da região sul e sudeste do Pará é a abordagem do CRF. Donos de farmácias de Canaã dos Carajás travam, atualmente, uma verdadeira batalha contra as garras da entidade. De acordo com eles, o CRF tem induzido, ao longo dos últimos anos, os farmacêuticos a cobrarem valores abusivos em seus salários.

“É injusto o que eles têm feito conosco. Com o salário que eles têm pedido, mais a exigência do farmacêutico do tempo integral nas farmácias, nós vamos fechar as portas!” reclamou um dono de farmácia da região, que preferiu não se identificar. Segundo os próprios empresários, o ramo de farmácia emprega em Canaã mais de 100 profissionais e, caso não haja acordo, não haverá maneiras de manter as portas abertas, já que o comércio anda mal das pernas desde o final da implantação do Projeto S11D.

Em ato de desespero pela pedida salarial dos farmacêuticos, os donos de farmácia chegaram até a protestar fechando a estrada entre Canaã e Parauapebas no início do mês. O ato chamou a atenção da população para os altos valores pedidos pelos profissionais e o risco que isso representa para a empregabilidade do município.

Na contramão da crise vivida pelos empresários, responsáveis pela existência do CRF e por dar emprego aos profissionais da área, os altos gastos da entidade continuam a acontecer todos os anos. De acordo com a página oficial do CRF, os valores arrecadados são gastos com palestras, cursos e “reuniões extremamente produtivas”.

Resta saber até quando essa queda de braço deve acontecer. De um lado, os empresários em crise e sem condições de pagar os salários pedidos. Do outro, um poderoso e milionário Conselho Regional de Farmácia que não alivia ninguém. A certeza que fica é que o município perde, e muito, com essa situação.
Reportagem: Kleysykennyson Carneiro

Receba as notícias do Portal Canaã

Siga nosso perfil no Google News

One thought on “Conselho Regional de Farmácia do Pará gastou mais de R$800 mil com passagens, hotéis de luxo e diárias em 2017

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *