Bolsonaro critica STF e promete colocar generais nos ministérios

[ESTADÃO] Mesmo dizendo que não entendia de economia, o pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, fez críticas à decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir o governo de fazer privatizações sem o aval do Congresso. Ao falar da montagem de sua administração, ele disse que, caso seja presidente, vai “escalar o seu time” de ministros com generais. Bolsonaro participou na manhã desta quarta-feira de um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Falando para uma plateia de empresários, Bolsonaro pediu que os industriais, que sempre votaram em outros candidatos que levaram o país à situação atual, assumam o risco e votem nele.

— Os senhores podem errar comigo. Com outros, já erraram — disse Bolsonaro, acrescentando que “não quero aventura”.

Bolsonaro foi aplaudido quando falou dos militares e quando defendeu a redução de ministérios.

— Vou botar alguns generais nos ministérios, caso eu chegue lá. Qual o problema? Os outros colocaram terroristas e corruptos ninguém falava nada! Temos que reduzir o número de ministérios — disse, acrescentando:

— Que o presidente que chegar lá nomeie e escale o seu time. O presidente é como um técnico, não vai jogar bola, não vai entrar em campo, tem que ter discernimento, humildade e força para buscar solução para os problemas.

Bolsonaro disse que o STF é conhecido de forma negativa pelos brasileiros:

— Hoje, conhecemos o (nome dos ministros do) Supremo na ponta da língua e, lamentavelmente, da forma que muitos de nós não gostaríamos de ser conhecidos. Mais ou tão grave quanto a corrupção é a questão ideológica. Precisamos de um presidente que chegue lá de forma isenta, que evite que o STF continue legislando, como o Conselho Nacional de Justiça (continue legislando), que o Superior Tribunal de Justiça (continue legislando) — disse, sem explicar onde a “questão ideológica” se aplicaria no Supremo.

Ao comentar a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que recentemente proibiu o governo de privatizar estatais sem a autorização do Congresso, Bolsonaro mandou um recado:

Ao longo de sua fala, para escapar de perguntas mais detalhistas sobre economia, Bolsonaro repetiu várias vezes que era “humilde” e que seria até melhor ter chamado o economista Paulo Guedes para detalhar propostas no debate. Bolsonaro agradou a plateia quando disse que os patrões são os empresários.

— Jamais quero ser patrão no Brasil com essa legislação. Temos que valorizar os senhores, porque sem patrão não há empregado. Ser patrão no Brasil é ser bandido — disse ele.

O pré-candidato reafirmou que é contra a política de cotas.

— Sou contra cotas. Somos iguais, competentes — disse.

Perguntado sobre como iria governar sem apoio dos partidos, Bolsonaro disse ter certeza de que conseguirá sustentação no Congresso a propostas como mudanças nas políticas de cota, de gênero, na área ambiental, por exemplo.

— Se tipificarmos as ações do MST como terrorismo, será que a bancada ruralista não estará conosco? Se acabarmos com a ideologia de gênero e resgatarmos os bons valores, será que não teremos o apoio dos evangélicos, que fazem um bom trabalho no Parlamento? Se redirecionarmos a policia dos Direitos Humanos, não vamos ganhar a simpatia da população? — questionou.

Bolsonaro repetiu seu roteiro de críticas às políticas de Meio Ambiente, indigenista e de apoio aos quilombolas. Sobre minorias, o pré-candidato disse que, muitas vezes, as pessoas ficam reféns do politicamente correto e da esquerda.

— Os quilombolas querem uma nova Lei Áurea!

Alianças

O ex-capitão do Exército não quis dar detalhes de sua negociação com o PR, partido que está próximo de uma aliança:

— Não estou preocupado em fazer coligação. Quem quiser conversar, a conversa será aberta. O PR aceita (a aliança). Mas se o Magno não vier (como vice) e quiser se eleger pelo Espírito Santo, vão ter que procurar alguém do nosso meio no PR.

Lava-Jato

Apesar de elogiar a Operação Lava-Jato, Bolsonaro disse que há dúvidas sobre a seriedade da atuação dos órgãos de investigação em alguns casos.

— Tem empresário honesto, o mau caráter e o chantageado. Será que o Leo Pinheiro (empreiteiro da OAS, preso e condenado pelo juiz Sergio Moro) é chantageado?

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