Projeto Carajás, uma escola para a Vale

Por: Rowan Pedro

O Projeto Carajás, veio a apresentar uma gestão eficiente e ímpar. Orçado em 4,2 bi de US$, o projeto custou 2,8 bilhões, após uma criteriosa revisão focada em otimização no sistema de mina, ferrovia, porto e infraestrutura. Isto deixou o Ministério de Minas e Energia, com um caixa extra de 1,4 bi de US$.

O Projeto Carajás, é também o pai da palavra Desenvolvimento Sustentável: o conceito de desenvolvimento sustentável só começou a ganhar corpo, quando o empresário suíço Stephan Schmidheiny veio ao Brasil para coordenar a ECO 92 no Rio de Janeiro, e na ocasião visitou o Projeto Carajás (PA) e deparou com os aspectos econômicos, ambientais e sociais aplicados em simultaneidade.

Da prática observada, Schmidheiny, partiu para a teoria e organizou o conceito de desenvolvimento sustentável, ampliando o postulado de ênfase ambiental cunhado em 1987 no Relatório Brundtland.  Queiram ou não o Projeto Carajás – VALE, onde estive por 18 anos foi uma escola de boas práticas da mineração moderna e pioneira em termos de respeito ao frágil ecossistema da Amazônia onde foi aplicado além dos conceitos de proteção ao meio ambiente o exemplo de eficiência da engenharia nacional com resultados aplaudidos nos quatro cantos do mundo. A ponte rodoferroviária de 2340 m sobre o Rio Tocantins retrata este feito.

O PROJETO CARAJÁS, com mina, ferrovia e porto foi na realidade uma escola profissional para o desenvolver o talento, criatividade, inovação, vivência, inteligência coletiva e comunicação para uma nova cultura operacional e de administração da VALE.  Carajás está à cerca 3.000 km da administração central e de grandes centros. O custo de um parafuso a um pneu de fora de estrada carrega o custo alto de frete. A região é diferente. Em termos operacionais tem mais chuvas que grande parte do Brasil e tudo isto refletia nos resultados. A presidência da VALE estava com Eliezer Batista, a pré-operação com Mozart Lintwinski e a implantação com Fabio Lage e Efigênio Drummond. Eles exerciam uma grande liderança e cultura de produção avante com habilidade de formar grandes equipes. Projeto é planejamento, liderança, equipe, disciplina, comunicação.

Operação continuada é planejamento, ação e gestão firme. Tínhamos a obrigação de controlar custos de forma melhorar a competitividade eficientemente. Sempre melhorando os números que sofriam variação de custos. O nosso custo total, tinha a situação diferente em relação às demais unidades da VALE. O nível de Gestão de “Estoque Garantia” e Suprimento ágil era um desafio em função da distância e condições das estradas que rompiam com o inverno amazônico. Assim foram desenvolvidos expert em logística e pessoas que entendiam de estoque operacional e vida útil de materiais. Sempre cuidei de explosivos e diesel, e o aumento incessante dos preços do petróleo afetava significativamente o custo de produção e a rentabilidade da VALE.

Carajás importava do sudeste, de serviço a seus materiais/consumíveis. Por outro lado, os custos fixos são despesas relacionadas à estrutura da empresa e era diferenciados também por abrigar a manutenção de uma cidade, escola, hospital, limpeza urbana, tudo de primeiro mundo. Carajás na realidade tinha uma logística isolada e toda preocupação com custo. Seguia a liderança com senso de dono da empresa e de urgência. Sempre tivemos grandes diretores no RJ, Superintendentes, Gerentes Gerais, Gerentes, Supervisores, Técnicos e Operários de 1ª linha e um RH que funcionava. Assim foi criada uma crença de que a mineração deve ter cuidado absoluto com gastos de diesel, explosivos, pneus, correias transportadora, energia e materiais fundidos com gente dedicada no controle destes custos. Isto foi incorporado pelas pessoas para melhorar a eficiência da produção.

Formaram grandes planejadores e programadores da geologia à manutenção com departamentos técnicos, operacionais que estabeleciam padrões de produção, suporte, apoio logístico e operacional diferenciado. Outro fato relevante foi à cultura do auxiliar de serviço ao mais graduado engenheiro, sobre a proteção e cuidados com o meio ambiente e toda filosofia de prevenção de acidentes de toda natureza e uma relação de cliente interno, fortalecida pela necessidade de união profissional local (dentro da floresta) juntamente à prática do TQC estilo japonês passado por Vicente Falcoai que encontrou ambiência ou campo fértil coletivo para o nosso aprendizado do GTQ, Deming, Ishikawa, Juran, 5S,CCQ, MASP, 5 w 1H, as  ferramentas da QT, que vieram  produzir padrões, conhecimento, orgulho e  muito ganho  financeiro  para VALE.

A presença do Professor Vicente Falconi na liderança do GQT-Carajás, foi um marco histórico, somado as crenças instituídas na Gestão Wilson Nélio Brumer como presidente da empresa. São fatos de uma história de sucesso e crescimento da empresa e das pessoas como profissionais e elemento humano. Acredito que Carajás foi um evento mundial que tornou a VALE maior, mais respeitada e admirada pela forte cultura ambiental, que revolucionava a mineração mundial. A empresa pode desenvolver o projeto S11D Eliezer Batista, tido como filho do Projeto Carajás, uma vez que Carajás implantado serviu para reduzir os custos e viabilizar a logística de outros grandes projetos na região.

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