Agricultor é morto a tiros em São Félix do Xingu; moradores acusam a Força Nacional de matá-lo

Um dos moradores do local alega que a vítima teria ficado sob custódia da Força Nacional por quase 4 horas, durante a operação de desintrusão da Apyterewa, até ser baleada com um tiro de fuzil
Vista Aérea de São Felix do Xingu

O agricultor Ozéas dos Santos Ribeiro, de 37 anos, conhecido pelos apelidos de “Barbicha” e “Doidão”, foi morto a tiros, na manhã desta segunda-feira (16), durante a operação de desintrusão da Apyterewa, em São Félix do Xingu, no sul do Pará. O caso gerou uma manifestação da comunidade Vila Renascer. Eles apontam a Força Nacional como responsável pela morte da vítima. Com informações do Fato Regional.

Um dos manifestantes alega que Ozéas teria ficado sob custódia da Força Nacional por quase 4 horas. Livre, a vítima teria sido alvejada por um tiro de fuzil. Os moradores não souberam explicar o motivo da abordagem contra o agricultor.

Por conta do ocorrido, barricadas foram feitas e fogo ateado em entulhos, além de outros materiais. Para tentar controlar a situação, as forças de segurança utilizaram bombas de efeito moral.

Ainda conforme a divulgação do Fato Regional, os alertas de confronto na região iniciaram antes da operação de desintrusão, que começou no dia 2 deste mês.

A redação integrada de O Liberal procurou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que é responsável por coordenar a Força Nacional, e pediu um posicionamento sobre o caso. A Polícia Federal também foi questionada para saber se será realizada uma investigação. Em ambos os casos, a reportagem aguarda retorno.

Retirada de invasores de Terras Indígenas

Em cumprimento à determinação judicial, o Governo Federal iniciou, no dia 2 de outubro, mais uma operação de desintrusão de terra indígena no Pará, com o objetivo de devolver aos povos originários a posse e o direito de uso exclusivo de seus territórios, conforme determina o artigo 231 da Constituição Federal.

A operação consiste na retirada de não indígenas que ocupam irregularmente parte das terras Apyterewa (homologada em 2007) e Trincheira Bacajá (homologada em 1996), localizadas entre os municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapú e Senador José Porfírio, no Pará.

Nas terras homologadas vivem cerca de 2.500 indígenas das etnias Parakanã, Mebengôkre Kayapó e Xikrim, distribuídos em 51 aldeias. Há também registros de indígenas isolados e de recente contato no território.

De acordo com o governo federal, vários órgãos envolvidos na desintrusão trabalham para que, assim como ocorreu na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg), também no Pará, a saída dos não indígenas que estão em Apyterewa e Trincheira Bacajá ocorra de forma pacífica e voluntária.

O governo federal também afirmou que a presença de estranhos no território indígena ameaça a integridade dos indígenas e causa outros danos como a destruição das florestas. Não por acaso, a TI Apyterewa está no topo da lista de desmatamento.

Cerca de 1.600 famílias vivem ilegalmente na região. Algumas envolvidas em atividades ilegais como criação de gado e garimpo, além de destruírem a vegetação nativa.

Fonte: O Liberal

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