O amor está no ar: onça-pintada viaja de Parauapebas a São Paulo para conhecer “pretendente” e ajudar na conservação da espécie

Rudá completou um ano de vida em fevereiro | Créditos: Nereston de Camargo

O amor está no ar. A onça-pintada (Panthera onca) Rudá, macho, nascido no BioParque Vale Amazônia em fevereiro de 2022, viajou de Parauapebas, sudeste do Pará, para conhecer sua possível futura namorada a onça-pintada Clô, no Animália Park, em Cotia, no interior de São Paulo (SP), e ajudar na conservação da espécie ameaçada de extinção. Foram quase 2,3 mil quilômetros de viagem até o encontro, que ainda deve demorar mais alguns dias já que a onça Rudá vai passar por um período de quarentena até que esteja apto para conhecer a fêmea. O programa de intercâmbio de animas entre bioparques e zoológicos, e a reprodução sob cuidados humanos, é de extrema importância para promover a conservação da espécie. A iniciativa integra o Programa de Conservação e Manejo ex situ de Espécies Ameaçadas, instituído pelo Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil (AZAB). Com pelagem amarelo-dourado e pintas pretas distribuídas pela cabeça, pescoço e patas, a onça-pintada, o maior felino das Américas é uma das prioridades da Red List, da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN).

Onças-pintadas têm encontro marcado em Cotia, interior de São Paulo | Créditos: Nereston de Camargo (esquerda) e Suzete Macedo (direita)

Rudá completou um ano de vida em fevereiro deste ano e recebeu todos os cuidados da sua mãe até o desmame que aconteceu com seis meses de vida. Desde então, ficou com a mãe e sua irmã, até o dia do embarque aéreo para conhecer a nova pretendente. Clô tem um ano e seis meses e está no Animália Park, em Cotia, desde outubro de 2021 vinda do Refúgio Biológico Bela Vista – Itaipú Binacional.

A onça-pintada está ameaçada de extinção, por isso, há um grande incentivo para a reprodução sob cuidados humano em todo o país. Para que a reprodução ocorra, é preciso que elas estejam em um ambiente adequado, sem estresse. Além disso, o casal precisa ter afinidade. Todo o processo de pareamento, ou acasalamento, é acompanhado por biólogos e veterinários do zoológico. A gestação das onças dura de 90 a 110 dias. Normalmente, uma onça dá à luz a um ou dois filhotes. Na natureza, a fêmea cuida de seus filhotes até que eles atinjam cerca de dois anos, período utilizado para garantir que conseguirão sobreviver sozinhos. Eles nascem cegos e, portanto, em seus primeiros meses de vida são totalmente dependentes da mãe.

Além dos animais nascidos no Bioparque Vale, que está no coração da Amazônia, os felinos chegam ao espaço por meio de apreensões, oriundos do tráfico de animais silvestres, encaminhados pelos órgãos como IBAMA, ICMBio e SEMAS, ou via permutas com outras instituições para a conversão da espécie. “Nosso foco é a saúde e o bem-estar destes animais. Esse intercambio representa o compromisso de conservar espécies fora da natureza e que são símbolos da fauna brasileira, é uma segunda chance que esses animais ganham para sobrevivência. Além disso, quando possível e depois de todo um processo de treinamento, também realizamos a reintrodução à natureza”, destaca Tarcísio Rodrigues, biólogo do BioParque.

Cuidado no transporte e na adaptação ao novo ambiente

A viagem até o destino final foi realizada pela GOL, maior Companhia aérea do País, em um voo de quase de 10 horas, com escala em Confins (CNF). O animal viajou seguro dentro de um caixa especial para o transporte e, chegando ao parque, irá passar por um período de adaptação ao novo ambiente que inclui um tempo para se acostumar à nova temperatura, à equipe de cuidadores, aos cheiros e às características da nova casa.

Animal viajou seguro dentro de um caixa especial para o transporte | Créditos: Divulgação: GOL/GOLLOG

“O cuidado com o transporte de animais sempre esteve dentro das principais prioridades da GOL. E fazer esse transporte pela GOLLOG, a unidade de soluções logísticas da GOL, nos enche de orgulho por saber que estamos participando na conservação de uma espécie ameaçada de extinção. Sabemos da importância da conservação da vida selvagem para o meio ambiente, tema que integra o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da GOL. Sempre contribuímos com o transporte de animais, que demandam expertise dos profissionais envolvidos e cuidados especiais no manuseio e acondicionamento dos mesmos, para que eles cheguem bem e saudáveis ao seu local de destino”, afirma Rafael Martau, diretor-executivo da GOLLOG

O lar de outras tantas espécies

No Pará, a Vale apoia o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na proteção de uma área de 800 mil ha, composta por seis unidades de conservação, conhecida pelo nome de Mosaico de Carajás, equivalente a cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Sua operação ocupa menos de 2% dessa área para atividades de mineração – dali saem 60% da produção de minério de ferro da Vale.
Inaugurado em 1985, o BioParque se consolidou ao longo desse período como um dos principais centros de pesquisa, conservação e educação da biodiversidade do Brasil.

Localizado no coração da Floresta Nacional de Carajás, o espaço ocupa 30 hectares de área, dos quais cerca de 70% de floresta nativa, dividido entre 29 recintos, conta com mais de 360 animais, divididos em 70 espécies e um herbário, com 10 mil plantas (exsicatas) catalogadas e certificadas pelo Jardim Botânico de Nova Iorque. Além das onças-pintadas, há registros de nascimento de outras espécies como filhotes de ararajuba, urubu-rei e harpia.

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