Em Parauapebas, onde o minério pulsa sob a terra e a mineração dita o compasso do cotidiano, uma notícia começa a girar como roda de caminhão em estrada de chão batido. Nesta semana, o prefeito Aurélio Goiano anunciou a intenção de uma nova empresa se instalar no município com uma proposta, no mínimo, curiosa: transformar toneladas de pneus usados e correias transportadoras em combustível.
É como se o problema, esse resíduo que enche galpões, encarece o descarte e desafia os olhos de gestores ambientais, tivesse finalmente encontrado seu destino. E, convenhamos, poucos lugares fariam mais sentido do que Parauapebas para abrigar uma ideia assim. A cidade está no coração de uma das maiores regiões mineradoras do Brasil, cercada por gigantes como os projetos S11D, Sossego, Salobo, Pedra Branca, Serra Leste e o futuro Ferro Sul. Com tanta produção, é natural que o subproduto também se acumule e precise de soluções.
Mas não se trata apenas de limpar o quintal. A proposta é inovadora: transformar passivo ambiental em ativo energético. Pneus e correias velhas podem virar combustível um tipo de óleo que pode ser usado como alternativa ao diesel. Em tempos de busca por eficiência e sustentabilidade, isso soa como ouro ou ferro, se preferir algo mais local.
O investimento previsto também impressiona. Serão R$ 20 milhões já na fase inicial, com a promessa de chegar a R$ 140 milhões no projeto completo. Isso representa não só tecnologia e inovação, mas emprego, renda e uma nova linha de produção para a economia local. Significa que Parauapebas pode deixar de ser apenas o berço da extração para se tornar também um polo de transformação.
Parauapebas, com sua vocação mineral e agora também energética, está no rumo. E o rumo é circular.