Em Parauapebas, construções irregulares em morro oferecem risco no bairro Vitória

As casas construídas na encosta do morro no Bairro Vitória, em Parauapebas, boa parte em madeira, correm risco iminente

Uma tragédia anunciada. Essa é a realidade do Bairro Nova Vitória, em uma área de morro, que fica às margens da Rodovia Faruk Salmen, na saída de Parauapebas para a Vila Palmares. Como está chovendo muito em Parauapebas, as casinhas construídas na encosta do morro, boa parte de madeira, estão ameaçadas de ser soterradas a qualquer momento pelo barro e pedras que se soltam com a força da enxurrada.

Cercada de morros, a cidade de Parauapebas, segundo dados da Secretaria Municipal e Defesa do Cidadão (Semsi), possui hoje 14 áreas de risco, como é o caso do Bairro Nova Vitória. A situação no local é extremamente grave, principalmente quando chove forte.

Com medo, alguns moradores saem de casa e ficam ao relento até a chuva passar, temendo que haja desmoronamento do morro. É o caso de Maria Irlene Pereira da Cruz Silva, de 27 anos, que mora em uma dessas encostas com seis filhos e o marido. Ela conta que reside há dois anos no local porque não tem para onde ir.

Este ano, ela detalha que a situação ficou mais grave, porque está chovendo mais que o ano passado. A terra encharcada, sem a proteção natural da vegetação, já começou a desmoronar sobre a casinha dela, que está encravada na escota do morro.

Na última chuva forte que caiu sobre a cidade, o barro e pedras que desceram do morreu destruíram parte da área onde ela lava roupa. Assustada, agora quando começa a chover forte, ela sai de casa e fica andando sem destino certo com os filhos até a chuva passar.

“Tenho medo que esse barro desabe em cima da nossa casa e nos soterre.  Por isso, fico com eles [filhos] na chuva até a chuva passar. Mesmo quando não está chovendo fico com medo, porque o barro está encharcado e toda hora está caindo terra aqui em casa”, relata.

Na mesma situação está Alenieme Silva Serra, de 19 anos, que também mora em uma das encostas com três filhos. O quarto onde ela dorme com as crianças fica no abismo. O assoalho é sustentado apenas por pedaços de madeira fincados na encosta.

“A gente dorme com medo de uma hora tudo desabar, mas infelizmente não tenho outro local para morar. Estamos pela providência de Deus”, diz ela, que tem como única fonte de renda uma minimercearia, que fica na parte da frente do casebre.

No local, muitas histórias parecidas e a mesma preocupação: não ser vítima de uma tragédia que pode acontecer a qualquer momento. A casa de Maria da Conceição está rachando e o terreno ameaça desmoronar.

Ela diz que desde que começou o período chuvoso nunca mais teve uma noite de sono tranquila. “Qualquer barulho já levanto com medo que seja a casa ou terreno desabando ribanceira abaixo”, relata, dizendo que até agora ninguém da prefeitura esteve por lá levantando a situação deles, para tomar alguma medida antes que uma tragédia aconteça.

Prioridades

Procurada pela reportagem, que expôs a situação da localidade, a Coordenação Municipal da Defesa Civil (Condec), em nota enviada pela assessoria de imprensa informa “que irá definir prioridades de atendimento da comunidade junto com a associação de moradores do bairro”.

Ainda segundo a nota, “a Secretaria Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi) já concluiu o processo licitatório de compra de mantimentos para as famílias que necessitarem de algum tipo de auxílio. Outro processo que já está em fase de conclusão, é o de contratação do local onde as famílias desabrigadas serão instaladas”.

A Condec também garante que tem “equipes se revezando 24 horas, para atender possíveis ocorrências”.

 

Reportagem de Tina Santos do CT.

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