Operação do Gelado prevê reaproveitar 138 milhões de toneladas de rejeitos de minério da barragem de Carajás 

Foto: Vale

O que antes era rejeito, agora pode ser recurso. A operação do Gelado, em Parauapebas, é um exemplo claro dessa virada de chave. A iniciativa da mineradora Vale pretende reaproveitar nada menos que 138 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro da barragem de Carajás em Parauapebas, uma aposta na chamada mineração circular, que vem ganhando espaço e propósito dentro da indústria.

A circularidade na mineração parece ter deixado de ser um discurso de prateleira para se tornar prática concreta. Prova disso é a movimentação mais recente da Vale, observada pelo Portal Canaã, que acompanhou o anúncio de uma parceria estratégica com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), firmado na semana passada.

O acordo não é pequeno: um investimento inicial de R$ 6 milhões para a criação do Colab de Mineração Circular, um espaço voltado à inovação, à incubação e à aceleração de soluções tecnológicas que transformem rejeitos e resíduos em novas oportunidades. A cerimônia, realizada na Escola de Engenharia da universidade, contou com a presença do presidente da Vale, Gustavo Pimenta, que não poupou palavras sobre o alcance da iniciativa.

“A parceria com a UFMG representa um avanço importante não só para a Vale, mas para todo o setor. Esta iniciativa busca transformar a mineração, com impacto social positivo para a sociedade, e está alinhada à visão de futuro da Vale. Temos o potencial de atingir 10% da nossa produção de minério de ferro de fontes circulares até 2030″, afirmou Pimenta. “Queremos ampliar práticas sustentáveis e a colaboração com a UFMG trará um conhecimento acadêmico essencial para nossas atividades, o que ajudará a engajar a sociedade e os empreendedores locais para o tema.”

Mas a transformação já está em curso. A Vale criou a empresa Agera, com cerca de 40 empregados, dedicada ao desenvolvimento da chamada Areia Sustentável  um subproduto originado do tratamento de rejeitos. E o mercado parece ter respondido bem: em menos de dois anos, mais de 2 milhões de toneladas desse material já foram comercializadas.

Se antes o futuro da mineração parecia preso às rochas do subsolo, agora ele também brota dos resíduos. E talvez esteja justamente aí o novo ouro: a capacidade de transformar sobras em soluções. Parauapebas, com o olhar voltado para o Gelado, pode muito bem ser um dos polos desse novo ciclo.

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