Coluna do Branco
Na primeira semana de março, precisamente no último dia sete, os preços do minério de ferro disparam, chegando a 20% de aumento. O cenário foi recebido com muita euforia no Brasil, especialmente pela mineradora Vale. Depois de um longo período de baixa na cotação do ferro, o carro-chefe da empresa, o aumento do seu preço no mercado internacional, com 20% de valorização, criou um cenário de mudança, mesmo que seja temporário, rápido.
O movimento segue os fortes ganhos nos contratos futuros da matéria-prima, que foram impulsionados por expectativas de que as siderúrgicas chinesas estão planejando um aumento na produção de aço no curto prazo. O minério de ferro com entrega no porto de Tianjin subiu US$ 10,20 nesta segunda, para US$ 62,60 a tonelada, o maior valor desde 15 de junho de 2015, quando a cotação atingiu US$ 64,50, segundo dados do The Steel Index.
O movimento “para cima” diz respeito às medidas anunciadas pelo governo chinês para enfrentar o baixo crescimento da economia do país, que por anos se acostumou à casa dos dois dígitos, assumindo a liderança mundial no quesito crescimento econômico. O governo havia definido como um dos pilares do crescimento da economia, o investimento maciço em infraestrutura, ou seja, aumento da importação de diversas matérias-primas, especialmente o minério de ferro vindo do Brasil, em particular retirado da maior província mineral do mundo, a Serra dos Carajás.
Especialistas do setor já haviam afirmado que o nível de queda livre da cotação do ferro no mercado internacional já tinha atingido o seu limite, entre 40 a 50 dólares, a tonelada. A partir de agora, se manteria com oscilações para cima (como de fato ocorreu) sendo guiado pelo mercado e seus agentes especuladores. Bastou um anúncio oficial do maior importador de minério de ferro do mundo para a cotação do referido mineral subir consideravelmente. Os 20% atingidos para cima, surpreendeu a todos, até os mais experientes do ramo.
Em Parauapebas, por exemplo, a notícia criou grande expectativa na cidade. A fez ter esperança do retorno dos “bons tempos”, quando a cotação do minério de ferro chegou aos impressionantes 115 dólares, em 2012. O fato da impressionante subida dos valores do mineral no mercado internacional está relacionado muito mais as “normais”, frequentes e conhecidas instabilidades do mercado, muito dependente das decisões políticas. Não há garantia nenhuma que o minério de ferro retorne aos maiores patamares atingidos em um passado próximo.
Como qualquer produto no mercado, a cadeia mineral necessita de demanda. A China principal comprador, está atualmente vivendo redução dos seus patamares de crescimento econômico. Com muito esforço e competência de seus governantes, deverá chegar ao máximo a 7% de crescimento de seu PIB, que em anos anteriores chegava facilmente a dois dígitos. Mesmo com as medidas de estimulo à economia, essa reação do mercado leva tempo. Não acontece em dias ou em poucos meses. Muitos contratos ainda estão para serem cumpridos nas cotações mais baixas.
O Goldman Sachs avalia, no entanto, que o rali de minério de ferro não vai durar, devido à ausência de uma melhoria significativa na demanda por aço da China. Por isso, nada de euforia, sem grandes expectativas. O importante é saber que os patamares de preços prognosticados abaixo dos 40 dólares dificilmente deverão se concretizar. Portanto, com o “piso” definido pelo mercado, cabe torcer para que o “teto” seja cada vez mais alto e se estabilize nos 70 dólares, pelo menos. Melhor para o Brasil, excelente para a região de Carajás, maior província mineral do mundo.
Prof. Henrique BRANCO – Licenciado em geografia com pós-graduação a nível de especialização em Geografia da Amazônia – Sociedade e gestão de recursos naturais. Professor que atua nas redes de ensino público e particular de Parauapebas. Assina diariamente o “Blog do Branco”www.henriquembranco.blogspot.com além de jornal e sites da referida cidade.
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