Índios Munduruku pedem o fim da construção de barragens no Rio Tapajós

Carta do povo indígena diz que Munduruku vão lutar por seu território. Greenpeace também pede fim de obras e demarcação de terras indígenas.

Representantes dos 13 mil indígenas da etnia Munduruku, distribuídos em 120 aldeias do Pará, divulgaram na manhã desta quinta-feira (14),na sede do Ministério Público Federal, em Belém, uma carta do povo indígena ao Governo Federal. O documento pede a demarcação de terras indígenas, investimentos em saúde e educação nas aldeias e, principalmente, o fim dos projetos de construção de hidrelétricas no Estado.

Em nota, o Ministério das Minas e Energia informou ao G1 que o Governo Federal, em todos os empreendimentos hidrelétricos, está permanentemente aberto ao diálogo com as comunidades, inclusive com as indígenas, que seguem um rito especial. No âmbito do processo de licenciamento ambiental, conforme determina a legislação vigente no país, os povos indígenas são ouvidos durante toda a fase do processo de licenciamento.

A carta foi elaborada no início deste mês durante a assembleia geral da nação Munduruku no Pará, que reuniu 550 caciques, pajés e guerreiros no município de Jacareacanga, município do sudoeste paraense.

“Queremos a paralisação destes projetos que interferem no nosso território e prejudicam nossos filhos. A carta é também para o povo brasileiro e do mundo todo porque essa luta não é apenas nossa. O povo Munduruku não vai aceitar nenhuma hidrelétrica nos rios da região!”, explicou Maria Leusa Munduruku, durante a coletiva de imprensa.

De acordo com os indígenas, há pelos menos mais cinco projetos de hidrelétricas previstos para serem construídas nos rios Tapajós e Jamanxim, áreas ocupadas pelos indígenas há milhares de anos. São elas: São Luiz do Tapajós, Jatobá, Cachoeira do Caí, Jamanxim e Cachoeira dos Patos.

Maria Leusa denuncia os problemas enfrentados pelas tribos no Pará e reforça a falta de diálogo sobre os projetos de geração de energia. Ela afirma que são as lideranças indígenas que se mobilizam e buscam informações e que não há um canal de diálogo sobre os projetos e seus impactos para os indígenas da Amazônia. “Vemos ou ouvimos falar de algo e os líderes [indígenas] nos reúnem e conversamos, ninguém vai na aldeia conversar com a gente. Eles estão violando as leis e mudando leis para poder construir esses empreendimentos”, conta.

Para os indígenas, a ameaça aos seus territórios é uma ameaça contra sua própria cultura e identidade. “A preocupação é grande, vemos que já conteceu com nossos parentes e outros povos com a construção de Belo Monte. Eles morreram! Às vezes é difícil até olhar nossos filhos com essa preocupação com nossa ‘mãe’, que é o nosso território. Sem a terra não somos nada, não temos futuro. Nós fazemos o possível para protegê-la e cuidar dela. Vamos continuar na luta e não vamos parar, independente do que o governo responder, somos ‘cortadores de cabeça’ [guerreiros] e vamos proteger nossa terra e nosso filhos!”, garantiu a Munduruku.

Veja toda a reportagem no G1

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