Com a saúde à beira do abismo, a Prefeitura de Parauapebas inaugurou o Hospital

Com a saúde à beira do abismo, a Prefeitura de Parauapebas inaugurou na noite desta sexta-feira (1º), com pompa e estardalhaço, o prédio do Hospital Geral de Parauapebas (HGP). Com um detalhe: a unidade não vai funcionar de imediato a comunidade. Além dos custos altíssimos com o cerimonial de inauguração, o governo ainda desembolsou R$ 250 mil do contribuinte para pagar o show do cantor sertanejo Sérgio Reis, contratado para dar ares de “grande acontecimento” ao evento.

Tamanha ostentação causou ainda mais revolta na sociedade, já que pessoas estão morrendo no [antigo e ainda funcional] Hospital Municipal por falta de medicamentos. Para piorar ainda mais a situação, os médicos estão em greve desta á última quarta-feira (29). Parte dos grevistas, que não era concursado, foi demitida no início da última quinta-feira (30) pelo governo, criando outra crise, que pode levar à saúde ao caos total em Parauapebas.

Para a população, a inauguração do hospital, que já consumiu mais de R$ 90 milhões em dinheiro público, sem as condições ainda de funcionamento, não passa de um evento político, já que a partir do dia 2 de julho, o prefeito Valmir Queiroz Mariano, por conta da legislação eleitoral, não pode mais participar de inauguração de obras públicas.

Maquiagem

Para maquiar a inauguração, mostrando que a casa de saúde está toda completa, foram retirados equipamentos da UPA da cidade, inaugurada em janeiro deste ano, e instalados no hospital. Vale ressaltar que esses equipamentos eram do Hospital Geral, mas foram levados para a UPA, também para fazer a maquiagem da inauguração da unidade de saúde.

A afirmação é do ex-diretor da obra do Hospital Geral, Andrade Costa. Ele diz que à época foi contra o remanejamento dos equipamentos para poder inaugurar a UPA. Ou seja, sem equipamentos, a UPA vai ser mais uma unidade de saúde funcionando de forma deficiente na cidade.

Na avaliação da população, e de médicos que trabalham sem as mínimas condições nas unidades de saúde, enquanto o governo faz malabarismo com a saúde, o povo está morrendo por falta de atendimento adequado no Hospital Municipal. Depois do caso do médico Jerônimo Pereira, que sofreu infarto e veio a óbito porque não tinha trombolítico naquela unidade, na última quinta-feira (30) mais uma pessoa morreu por falta de atendimento adequado.

Dessa vez, foi à diretora da escola Municipal Primavera, Lourivaneide Nonato Costa dos Reis, de 48 anos, que sofreu um AVC e também morreu por não haver equipamentos de socorro imediato para atender casos como o dela. Não custa lembrar também que, para as obras do hospital andarem, foram assinados vários TAC entre o governo e o Ministério Público. Mesmo assim, todos os prazos para inauguração foram descumpridos pelo governo.

Hospital só começa a funcionar dia 25 de julho, diz SMS

Segundo o cronograma da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), após a inauguração haverá agendamento para visitas orientadas ao HGP, que será via Ouvidoria Municipal, de 4 a 8 de julho, para entidades e associações.

As visitas serão de 12 a 14 de julho. De 15 à 24 de julho, será feita limpeza, higienização e desinfecção de toda a estrutura do hospital, para que no dia 25 inicie o atendimento ginecológico, obstétrico e UCI-Neonatal, com cinco salas de pré-parto, parto e pós-parto, disponibilização de 100 leitos de internação cirúrgica, clínica médica e pediátrica. No dia 10 de agosto, previsão de início dos serviços de UTI Neo-Natal, Infantil e Adulto e, no dia 30 de agosto, início do atendimento de Pronto Socorro de Trauma.

Ainda de acordo com o cronograma da secretaria, dia·10 de setembro está previsto início do serviço de hemodiálise; e no 2 de outubro, início do funcionamento da agência transfusional.

Estrutura

O Hospital Geral de Parauapebas tem 11,7 mil metros quadrados de área construída e foi planejado para atender serviços de média e alta complexidade em saúde. Distribuído em cinco pavimentos, os serviços oferecidos no HGP serão: maternidade; cirurgias eletivas e de urgência; hemodiálise; UTI. A capacidade total é de 212 leitos. No terceiro piso fica a enfermaria da clínica médica com 50 leitos, sendo cinco deles destinados para pacientes psicossociais.

No segundo piso fica a enfermaria pediátrica e a clínica cirúrgica, totalizando 50 leitos. O setor administrativo do HGP, o Centro de Hemodiálise, que contará com 10 leitos, o Banco de Leite e o Laboratório ficam no primeiro piso. No térreo fica localizado a recepção geral do HGP, o Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, UCI Neo-natal, UTI Adulto, Pediátrico e Neo-natal. Ala de Imagens, estruturada com aparelhos de última geração para realização de Raio-X, Ultrassonografia e Endoscopia, também está montada no térreo.

O Centro Obstétrico conta com 50 leitos e é composto por cinco salas de Pré-parto, Parto e Pós-parto (PPP), que possibilitará a presença do acompanhante e as condições adequadas para o desenvolvimento do parto humanizado. Além disso, o centro contará com duas salas cirúrgicas, sala de curetagem e sala para cuidados com os recém-nascidos. O espaço é composto ainda por três salas cirúrgicas para atendimentos de cirurgias eletivas ou de urgência, sendo uma destinada para cirurgias de alta complexidade, e outras duas para média complexidade.

UTI

A UTI Neo-natal tem cinco berços para internação e mais dois exclusivos para o isolamento, já a UCI Neo-natal conta com 10 leitos e a UTI infantil disponibiliza cinco, enquanto na UTI de adulto serão 10 leitos.

No subsolo fica a entrada de emergência de trauma onde serão disponibilizados 10 leitos de observação. Os setores de almoxarifado do hospital, cozinha, nutrição, lavanderia e central de esterilização também ficam neste pavimento.

O HGP funcionará com atendimentos regulados, ou seja, os pacientes serão atendidos lá a partir dos encaminhamentos realizados pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde, Policlínica, UPA e Pronto Socorro Municipal.

O secretário de saúde, Juranduy Soares Granjeiro diz que o custo de manutenção dos serviços de alta complexidade é altíssimo e afirma que o município não tem condições de mantê-los. Por isso, o atendimento de alta complexidade será viabilizado por meio de um consórcio intermunicipal envolvendo os municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás, Eldorado do Carajás e Curionópolis e o Estado.

SÍNTESE – Para a população, a inauguração do hospital, que já consumiu mais de R$ 90 milhões em dinheiro público, sem as condições ainda de funcionamento, não passa de um evento político.  ( Tina Santos – CT )

 

 

 

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