Começa nesta quarta-feira (25) um daqueles encontros que vão além das formalidades de crachá e coffee break. Canaã dos Carajás, coração mineral do Pará, sedia pela primeira vez o Encontro Técnico Itinerante da Associação Brasileira de Municípios Mineradores (AMIG Brasil). Até quinta-feira (26), o município será o epicentro de discussões que envolvem números bilionários, mas também o cotidiano de quem vive nas cidades moldadas pela mineração.
Não é pouca coisa. Canaã, que abriga o Complexo Minerador S11D, uma das maiores operações de minério de ferro do planeta, assume o papel de anfitriã e protagonista. A escolha não foi por acaso. Além do peso econômico, a cidade tem liderança política de destaque: a prefeita Josemira Gadelha também é vice-presidente da AMIG Brasil, o que reforça a posição de Canaã no cenário nacional da mineração.
Entre os principais momentos do evento está a apresentação do estudo “Custo de Vida nos Municípios Mineradores”, elaborado pelo CEDEPLAR, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Encomendado pela AMIG, o levantamento busca traduzir a realidade econômica das cidades mineradoras para orientar políticas públicas e fortalecer a atuação dos municípios frente ao setor mineral.
A lista de municípios participantes impressiona. De Volta Redonda (RJ) a Vitória do Jari (AP), passando por Mariana, Itabira, Parauapebas, Brumado e tantos outros, mais de 50 cidades estarão representadas. São prefeitos, secretários, procuradores e técnicos discutindo legislação, finanças, impactos sociais e, claro, a eterna disputa por uma fatia justa da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Além dos debates técnicos, o evento terá palestras estratégicas. Waldir Salvador fala sobre o papel da AMIG no cenário nacional; o consultor jurídico Rogério Moreira discute a legalidade na aplicação da CFEM; e a Dra. Flávia Vilela, consultora de Reforma Tributária da AMIG, destrincha a realidade da Reforma Tributária para os municípios mineradores. Temas que parecem áridos, mas que, no fundo, determinam a qualidade de vida de milhares de brasileiros.
Mais que um encontro técnico, o evento é uma vitrine. É a chance de Canaã dos Carajás se apresentar para o Brasil não só como potência mineral, mas como cidade pensante, que busca soluções, constrói pontes e reivindica seu lugar na mesa onde se decide o futuro do setor.
A cidade que um dia foi apenas um ponto no mapa agora é referência e nesta semana, mais do que nunca, está no centro das atenções.
