O mês de fevereiro começou com muitas oportunidades de acesso à arte e à cultura para jovens e adultos no município de Canaã dos Carajás. Na Casa da Cultura, ficou claro o interesse pelo cinema e pelo audiovisual: a oficina “Cinema Território Vivo – Documentando a Amazônia” teve uma procura intensa e lotou em poucos dias as 30 vagas ofertadas. As aulas, possíveis a partir do Edital Casa Aberta Amazônia Paraense, começam nesta segunda-feira, dia 10.
A faixa etária do público varia de 18 a 65 anos, mas a maioria dos inscritos tem entre 23 e 24 anos. Para a diretora da Casa da Cultura de Canaã dos Carajás, Gabriela Sobral, o sudeste do Pará vem passando por uma transformação intensa, ultrapassando o desenvolvimento econômico e alcançando uma expansão cultural muito forte. Nesse contexto, ela acredita que a cidade tornou obsoleta a ideia de que o interior não detém grandes circuitos ou agendas culturais.
“A região como um todo, mas especificamente Canaã dos Carajás, vem se consolidando nesse processo artístico e cultural, e são os jovens profissionais que estão impulsionando essa cena criativa do sudeste do Pará. A gente ter uma oficina de audiovisual que vai discutir identidade e territorialidade com intensa procura e com vagas esgotadas de forma muito rápida é um reflexo desse movimento”, analisa.
Gabriela acredita que a região passa a fazer a sua própria construção cultural, pensando nas suas próprias representações artísticas. “Isso é muito positivo, porque a gente cria novas centralidades de circulação artística, não mais baseadas nos grandes eixos das regiões metropolitanas, das capitais. Ou seja, a população passa a narrar a si própria. O saldo disso é muito bom, com a construção de narrativas plurais e que representam de fato as manifestações culturais dessas regiões”, conclui.
Voltada para jovens e adultos a partir de 16 anos, a oficina de cinema tem como objetivo construir capacidades no universo do cinema documental. Serão 10 encontros, explorando técnicas de produção audiovisual, filmagem e edição, colaborando para criar um documentário de 10 a 15 minutos sobre Canaã dos Carajás.
O jovem Wendrel de Andrade Dias, conhecido como Wendrel Diblack, diz que a sua expectativa para a oficina é muito alta, já que tanto o cinema quanto o audiovisual são categorias da arte que o atraem muito desde a adolescência. “Você ter essa oportunidade de poder fazer uma oficina e ao final produzir um material sobre a sua região, a sua cultura e a Amazônia é algo imensurável. Me sinto privilegiado de poder participar dessa oficina e nutrir meu conhecimento e paixão pelo audiovisual e pelo cinema. É uma oportunidade única”, declarou o artista visual de 23 anos.
Também podem ser feitas, durante o mês de fevereiro, sem inscrição prévia, as oficinas de instrumentos musicais com materiais recicláveis e a oficina de adereços carnavalescos. A intenção dos projetos da Casa da Cultura, vinculada ao Instituto Cultural Vale, é garantir a inclusão cultural de maneira ampla, fomentando a participação do público nos eventos culturais da cidade.
Oficina de instrumentos musicais com materiais recicláveis
Esta oficina promove o desenvolvimento de habilidades manuais e artísticas, além de sensibilizar sobre a importância do uso sustentável dos recursos e o descarte adequado de resíduos, contribuindo para a preservação do meio ambiente. A participação é aberta ao público em geral. Os materiais utilizados incluem garrafas PET, grãos (arroz, feijão e milho), miçangas, caixas de pizza, sacolas plásticas, tubos, bexigas, latas de leite, latinhas, tampinhas e garrafões de água mineral.
Oficina de Adereços de Carnaval: Lendas Amazônicas
Esta oficina ensina a criação de acessórios carnavalescos, como brincos, tiaras, ombreiras, máscaras venezianas e estandartes, promovendo criatividade, habilidades manuais e reutilização de materiais. Voltada aos alunos de dança da Casa da Cultura, a atividade é realizada na semana anterior ao Bailinho de Carnaval, de 10 a 14 de fevereiro. Com a temática “Lendas Amazônicas”, combina a tradição carnavalesca com a valorização da rica cultura regional, utilizando figuras como Curupira, Iara e Boto para inspirar os adereços.