Pensando o nosso alimento

Este texto é um convite para pensarmos sobre o nosso alimento.

Nos últimos dias 26 e 27, eu estive em uma conferência chamada “thought for food”, um evento que reuniu pessoas do mundo inteiro em Amsterdam. Como na maioria dos “summits”, nos voltamos aqui para as novas tecnologias, mas nesse caso em especial, nos voltamos ao mesmo tempo para algo que é muito básico e antigo para o ser humano: seu alimento. Isso deixa o debate sobre as tecnologias que querem prever como será o futuro nessa área ainda mais interessante.

Começo destacando que, naquele espaço, era esperado um nível mínimo de consciência sobre o que vai para o seu prato. Era quase automaticamente compreendido que você, tendo um mínimo de compreensão sobre a cadeia produtiva das carnes e seus efeitos, entende que precisamos frear esse consumo.

É interessante pensarmos nesse assunto quando estamos no Sudeste do Pará, uma região que produz muita carne bovina, apesar de estar localizada dentro da floresta amazônica. Um dado que merece atenção mostra que cerca de 90% da destruição dessa floresta ocorre em decorrência da agropecuária (aqui podemos destacar a soja e o gado). Quando pensamos sobre as mudanças climáticas, encontramos que 51% dos gases responsáveis pelo efeito estufa são produzidos em decorrência da pecuária, a serem somados com mais 13% decorrentes do transporte dessa produção. Esse efeito é aquele que ameaça a vida no planeta terra como conhecemos ao alterar as condições climáticas, derreter calotas, alterar o nível do mar, alterando o equilíbrio de ecossistemas, etc. A não ser que você acredite na conversa do Trump e ignore o que dizem vários cientistas que dedicam suas vidas a estudar essa situação, as mudanças climáticas devem ser alvos de grande estudo e preocupação.

Mas claro, uma das coisas de maior importância em relação à comida é que ela deve ser gostosa e iniciar um momento prazeroso. Pensar em como podemos aproveitar ao máximo, tanto o sabor quanto o momento social (ou íntimo), é algo indispensável. Nós não estamos a alimentar só o nosso físico, mas o nosso ser como um todo, que se encontra dentro de uma sociedade com sua identidade culinária fortemente relacionada á cultura.

Existem muitos caminhos para responder a pergunta “como podemos alimentar mais de 9 bilhões de pessoas até 2050?”. Alimentos frescos e acessíveis a toda a população, novas fontes de proteinas, o combate ao uso de produtos prejudiciais ao nosso organismo e ao excesso da produção de lixo, agrofloresta, produção de alimentos dentro da cidade, hábitos alimentares na nossa cultura etc., esses são só alguns dos pontos chaves que foram abordados durante os debates.

Eu não poderia deixar de falar dos encontros e conexões, que fazem qualquer momento mais bonito. A quantidade de pessoas e conversas interessantes é algo fortemente derivado do ambiente propício, promovendo extremamente ricos. O evento também me chamou atenção por sua grande diversidade, os times e palestrantes presentes no evento vinham de todas as partes do mundo – e estavam ali, com a intenção de debater sobre a sustentabilidade do nosso futuro.

Por.

Ana Rosa – Engenheira de Materiais pela Unifesspa, doutoranda na Universität

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