PRF registra 160 acidentes no 1º semestre

Desatenção, infrações ao Código de Trânsito Brasileiro e as más condições das rodovias são as principais causas de acidentes graves – muitas vezes com mortes – registradas nas estradas federais desta região. Conforme dados fornecidos pela Delegacia Regional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), situada em Marabá, de janeiro a junho deste ano, foram registrados 160 acidentes em quatro rodovias que fazem parte da jurisdição da delegacia. Destes, seis ocorreram na Rodovia BR-153, 43 na Rodovia BR-155, 32 na Rodovia BR-222 e 79 na Rodovia Transamazônica (BR-230). O mês que mais registrou ocorrências foi junho, somando 27 casos.

Já em julho, até ontem, quarta-feira (27), haviam sido relatados 23 acidentes nas rodovias regionais. Um destes ocorreu na noite da última segunda-feira (25), quando uma caminhonete L-200 capotou na Rodovia BR-153, na saída de São Domingos do Araguaia. No automóvel havia cinco ocupantes, dentre eles o pré-candidato a prefeito de São Geraldo do Araguaia Edilson Carvalho de Oliveira, o Edilson da Emater (PSDB), o ex-prefeito José Pereira da Costa, o Zezinho do Ananias e Regisvaldo Pereira da Costa, marido de uma procuradora do município. Todos sobreviveram. As duas pessoas outras que estavam no veículo morreram em decorrência do acidente, sendo o dono do veículo, Edilson Sousa, o Gordinho do Bar, e a professora Joselândia Sousa Brito, esposa de Edilson.

Nos primeiros seis meses do ano, 17 pessoas morreram em decorrência dos acidentes e 28 tiveram ferimentos considerados graves. Outras 69 pessoas sofreram ferimentos leves e em 29 casos não pode ser determinada a gravidade das lesões sofridas. O drama dessas não acaba no momento em que são socorridas e as lesões acabam interferindo ao longo dos dias posteriores aos acidentes.

O psicólogo Geraldo Rocha, por exemplo, estava em um ônibus que tombou na Rodovia BR-222, entre o município de Eldorado do Carajás e a localidade conhecida como Gogó da Onça,no último dia 15. O trecho não é asfaltado e o condutor do veículo acabou perdendo o controle e caindo em um barranco ao lado da pista. Em decorrência disso, o psicólogo teve o braço deslocado e até hoje, 13 dias depois, está afastado de suas atividades profissionais.

De acordo com a PRF, a maior parte dos acidentes foram colisões traseiras – somando 62 casos no primeiro semestre – seguido de colisão frontal (45), colisão transversal (43), colisão lateral (31), saída de pista (27), atropelamento de pessoa (10), atropelamento de animal (8) e capotamento (8), tombamento (7), queda de bicicleta ou motocicleta (6), colisão com objeto fixo (5) e colisão com bicicleta (2).

O agente Itamar Calaça, da PRF, explica que a principal motivação dos acidentes ainda é a irresponsabilidade dos condutores. “O primeiro motivo para esses acidentes é a imprudência do motorista, geralmente alta velocidade, ultrapassagens indevidas, excesso de velocidade, alcoolemia e falta de atenção”, diz, destacando que, conforme o último levantamento da PRF referente a causas dos acidentes demonstrou que o fator humano tem sido a principal causa dos acidentes.

O levantamento da PRF aponta que 128 dos 160 acidentes registrados ocorreram por falta de atenção. Outros 20 aconteceram por desobediência à sinalização, 13 por ingestão de álcool, 11 por não ser mantida a distância de segurança entre veículos, 8 por ultrapassagens indevidas, 7 por que  o condutor dormiu ao volante e 6 por veículos acima da velocidade.

Estradas ruins favorecem casos

Além do fator humano, Calaça também destaca que há outras circunstâncias que causam os acidentes. “Há, ainda, a falta de condições das estradas e falta de manutenção dos veículos. Às vezes o veículo está com pneus carecas ou o freio não está funcionando adequadamente e isso pode causar acidentes”, diz. Do número total de acidentes, cinco ocorreram por questões ligadas a defeitos mecânicos e 11 por defeitos nas pistas.

Davi Elias Moraes, de 40 anos, é caminhoneiro há 18 e afirma que uma das dificuldades do dia a dia é desviar dos buracos. “Tem bastante buraco, na Transamazônica mesmo, no trecho chegando na ponte que faz a divisa com o Tocantins, tem uns oito quilômetros abandonados. É estrada de chão ainda. Sem contar os buracos existentes onde tem asfalto. Isso causa acidentes”, diz.

Conforme ele, é comum ver condutores trafegando em trechos bons serem surpreendidos por grandes buracos e se acidentarem. “Quando menos espera bate em um buraco, perde o controle e tomba o veículo. Tem muito caminhão e automóvel tombado e com pneus estourados. Deveria haver uma melhoria com o tanto dinheiro que o governo arrecada, só Deus sabe o que fazem com esse dinheiro”, reclama.

Ele destaca, ainda, o perigo de ser vítima de assaltantes em decorrência da má condição das pistas. “A gente precisa praticamente parar o caminhão para passar nos buracos, aí fica fácil para eles nos renderem e levarem caminhão para roubar a carga. É complicado”. Joilson Barbosa Nunes, de 28 anos, motorista de caminhão há 13, também diz que as estradas nesta região não estão boas.

“Seguindo pra Altamira (Transamazônica), por exemplo, tem muito lugar que está bastante ruim. Ontem (terça) rodei na Rodovia Transamazônica e tem alguns desníveis, uns altos e baixos, o que faz os caminhões balançarem muito. No caminho vi dois caminhões tombados. Se ajeitassem seria melhor”, comenta. Ele diz, ainda, que há prejuízos financeiros para quem necessita usar regularmente as vias. “Quebra muita mola, estraga suspensão, danifica o veículo e aí sai do nosso bolso. É prejuízo do motorista”.

A reportagem tentou entrar em contato com o engenheiro Jairo Rabelo, representante do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), para tratar da situação das rodovias federais, mas o telefone dele estava fora de área. A reportagem também encaminhou e-mail, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

PRF dá dicas para quem vai pegar a estrada

O agente Itamar Calaça diz que todo condutor deve observar algumas questões antes de sair em uma longa viagem. “A primeira coisa a se fazer é verificar a documentação do veículo e do condutor. Depois a gente recomenda que a pessoa sempre planeje a viagem, estude o trajeto, verifique onde há pontos de parada, postos de combustíveis e faça a manutenção do veículo”. É essencial, diz, verificar as condições dos amortecedores, freios, faróis e limpadores de para-brisa.

Já na estrada, o condutor também precisa observar algumas questões. “É necessário respeitar as regras de trânsito – a sinalização, o limite de velocidade, não fazer ultrapassagens forçadas e não ingerir bebida alcoólica – e estar descansado para dirigir. Este é um fator importante por que às vezes as pessoas passam o dia trabalhando e saem dirigir, aparece o cansaço e isso pode causar um acidente”.

Em relação aos temidos buracos encontrados em trechos das rodovias, o agente afirma que os motoristas devem estar atentos nestas circunstâncias e redobrar o cuidado. “Não exagerar na velocidade, na hora de desviar de um buraco prestar atenção se não vem outro veículo já desviando no sentido contrário e se ele não conhece o trecho, vai trafegar nele pela primeira vez, precisa estar atento às condições e, se possível, evitar viajar a noite”, finalizou.

NÚMEROS

160 em seis meses

6 acidentes na Rodovia BR-153

43 acidentes na Rodovia BR-155

32 acidentes na Rodovia BR-222

79 acidentes na Rodovia Transamazônica

17 mortes

28 vítimas com ferimentos graves

( CT- Luciana Marschall)

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